De acordo com dados levantados pela Compre & Confie (uma empresa brasileira especializada em inteligência de mercado) o faturamento do setor de notebooks entre os meses de março e junho deste ano somaram R$ 2,1 bilhões – um crescimento de 85,2% quando comparado com o mesmo período do ano passado. Estes números estão de acordo com o que mostra o relatório da empresa de consultoria americana IDC, que estima que a venda de notebooks no Brasil teve um aumento de 18,8% no primeiro trimestre (período entre janeiro e março) deste ano. O que também subiu foi o preço médio dos equipamentos vendidos no país: em março, a média de preço dos notebooks no Brasil era de R$ 1.943, enquanto em junho o preço médio do produto passou para R$ 2.092 — um aumento de 7,1%. Um dos possíveis motivos para este aumento pode ser a variação do dólar, que estava na faixa dos R$ 4,80 em março e em julho tem flutuado na casa dos R$ 5,30. Uma das empresas que mais cresceu neste período foi a brasileira Multilaser, que registrou um aumento de 60% na venda de notebooks entre os meses de janeiro e junho deste ano. A maior parte dessas vendas ocorreu nos produtos da linha Legacy, que possui equipamentos na faixa dos R$ 1.500. Outro dado interessante é que a maior parte das vendas registradas não foi para pessoas jurídicas, mas para pessoas físicas, indicando que o consumidor final é o grande responsável pelo aumento da procura por notebooks.
Influência da pandemia na venda de notebooks
Essa alta na venda de notebooks é justificada pela indústria como um reflexo das novas necessidades causadas pela pandemia de COVID-19. Para Fernando Nogueira, gerente de produtos da Multilaser, como as famílias estão ficando mais tempo em casa, isto aumentou também os gastos com eletrônicos a fim de tornar a casa mais equipada. A necessidade de quarentena e da prática do home office também mudou o tipo de produto procurado pelos consumidores. De acordo com Luciano Beraldo, gerente sênior da divisão de notebooks da Samsung no Brasil, no começo do período de quarentena houve um aumento na procura por notebooks com configurações mais avançadas, o que possivelmente é um indício de que as pessoas passaram a se preocupar em ter em casa equipamentos da mesma qualidade que possuíam em seus escritórios para conseguirem manter a produtividade. Para Ricardo Bloj, presidente da Lenovo no Brasil, a necessidade de se ter um notebook em casa não apenas para navegar na internet, mas também para trabalhar, pode mudar a forma como os consumidores enxergam este tipo de produto, e a aquisição desses equipamentos pelos profissionais pode estimular que, após a pandemia, modelos híbridos que misturam dias de trabalho presencial em escritório com dias de trabalho feito de casa se tornem mais comuns em muitas empresas. Mas os número não devem ficar tão altos o resto do ano. A venda de notebooks deverá ter uma queda nos próximos meses, e isto deverá acontecer porque, ainda que a procura desses equipamentos pelo público tenha aumentado no período, o que ajudou a inflar esses números foi a alta estocagem que os varejistas fizeram destes equipamentos, já antecipando que o preço deles subiria por conta da pandemia. Para Rodrigo Pereira, analista da IDC Brasil, este movimento de grande subida seguida de uma queda com retorno gradual à normalidade é algo que já aconteceu com outros mercados neste período, e por isso devemos esperar uma queda nas vendas de notebooks já neste terceiro trimestre. Fonte: Exame