A mudança no diagnóstico da doença que, em seu início, infelizmente, afetou mais homens gays e bissexuais, aconteceu principalmente por conta das campanhas focadas neste tipo de público, assim como a aceitação em fazer testes e maior prevenção. Entenda a história agora mesmo.
Resultados dos testes de HIV apresentaram mudanças
Pela primeira vez em uma década da pandemia de HIV, 49% dos testes deram positivo para pessoas que são assumidamente heterossexuais. Gays e bissexuais agora estão na casa dos 45%. Entretanto, apesar dos resultados não indicarem uma melhor testagem, a notícia não deixa de ser boa: desde 2014, houve uma queda de 74% de homens gays e bissexuais diagnosticados com o vírus da HIV em seu organismo. Ainda há batalhas a vencer, entretanto: dados de uma clínica da Inglaterra mostram que a procura por testes feitos em homens gays caiu 7% e o mesmo dado está em um terço em relação aos héteros. Ou seja, apesar de um grupo estar registrando menos diagnósticos, ainda há muito o que fazer para que a meta mundial da 2030 de zerar as infecções seja atingida. Outro dado importante é que pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQIA+ são mais adeptas da pílula Profilaxia Pré-Exposição, também conhecida como PrEP. O consumo diário, que é outra forma de evitar a infecção de HIV, é muito mais adotado por homens gays do que por pessoas que se identificam como heterossexuais.
O que isso significa para a pandemia de infecção de HIV?
Estes dados demonstram que governantes e especialistas precisam, então, focar em outro tipo de público para chegarmos ao fim da pandemia de HIV, que também causa a AIDS. Se anteriormente gays e bissexuais eram o grupo foco de campanhas para evitar novos casos, os dados de 2022 mostram que as pessoas heterossexuais que precisam ser, agora, o grande foco de governantes e especialistas em conscientização. Os grupos de riscos (pessoas de origem africana e transsexuais) ainda devem ser considerados, uma vez que a análise dessa amostragem tem dado bastante certo, mas é importante lembrar que ainda há uma alta taxa de contágio de HIV em 51% das mulheres e 55% dos homens heterossexuais. 66% destes diagnosticados só souberam que estavam com a doença quando tinham mais de 65 anos, tempo que pode ser tarde demais para que o tratamento seja iniciado. O número está em apenas em 29% quando falamos sobre homens gays e bissexuais. A regra é clara: é necessário fazer os devidos testes com literalmente todas as pessoas, independente de sua cor, etnia, orientação sexual ou idade. No Brasil, o SUS oferece um teste gratuito de HIV que fica pronto em apenas 15 minutos e o tratamento pode ser feito gratuitamente. Os antirretrovirais começam a agir assim que são tomados e a carga viral geralmente torna-se indetectável em 1 a 2 meses. Hoje em dia, há pessoas que já vivem tranquilamente, mesmo tendo sido diagnosticadas com o HIV. Vale ressaltar, claro, que a melhor proteção é o sexo com preservativo.
Há vacina contra o HIV?
Desde que o vírus HIV foi descoberto durante os anos 80, 33 opções de vacina tentaram ser desenvolvidas para evitar infecções, mas os estudos não foram muito longe. Entretanto, especialistas estão desenvolvendo novos estudos para chegarem ao esperado dia de anunciar uma vacina contra este vírus. O principal deles é o estudo Mosaico, que já realiza testes em pessoas para saber das possíveis reações da vacina e se a produção em alta escala pode ser feita. Esta análise está sendo feita com pessoas que moram na Argentina, Brasil, Itália, Peru, México, Polônia, Espanha e Estados Unidos e é desenvolvida pelos laboratórios HVTN, Janssen Vaccines & Prevention BV, NIAID e USAMRDC, com envolvimento de centros de pesquisa dos EUA e Brasil. Cerca de 3.000 pessoas (a meta é de 3.800 participantes) já tomaram a vacina ad26, e além de efeitos colaterais que são comuns nestes estudos, não foram constatados graves problemas de saúde. Os resultados da pesquisa serão apresentados em 2024 no que pode ser a luz no final do túnel que a humanidade precisa. Outra ideia é a do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA que foi compartilhada na revista Nature Medicine. Ao utilizar a técnica de RNA mensageiro (a mesma presente em algumas vacinas de COVID-19), os especialistas já fizeram testes em camundongos e macacos-rhesus. Além da dose primária, os animais também receberam reforço durante cerca de um ano, e os cientistas optaram por realizar testes com diversas variantes do HIV. Durante a semana 58, todos os macacos que estavam sendo testados já contavam com “níveis de células T e anticorpos neutralizantes que seriam eficazes conta 12 cepas de HIV”, de acordo com a publicação. Veja também Conheça informações sobre os riscos da variante VB do HIV, mais transmissível e pode gerar casos mais graves em menor tempo. Fontes: The Guardian