Seguindo esse raciocínio, temos um ótimo exemplo com o lançamento recente do Samsung Book X45. O computador entrega boa performance de prontidão e ainda há abertura (no sentido figurado e literal) para troca de disco rígido e da memória. Pudemos testá-lo em vários cenários e te contamos como ele se saiu, aqui neste review.
Design
Como maneira de atualizar o portfólio de notebooks em 2020, a Samsung decidiu unir as linhas Essentials e Expert substituindo-os pela linha Books, em junho deste ano. O design de todos é o mesmo à primeira vista, mas é debaixo da carcaça que vemos as principais diferenças. Os Book X40, X45, X50 e X55, por exemplo, vêm com placa de vídeo dedicada, enquanto os outros (E20-X30) possuem placa integrada. Ainda há, claro, diversas variações de armazenamento e memória – tudo a gosto do cliente. Tratando especificamente do visual do modelo deste review: o Samsung Book X45 possui enorme trackpad, tela com borda de 6.7 mm e menos de 2 centímetros de espessura (18.9mm). Por fora, domina a cor prata na robusta peça de plástico, com acabamento preto (fosco) do lado de dentro, na tela e no teclado. Falando nele, as teclas são grandes e de perfil baixíssimo, silenciosas, no que a fabricante chama de Teclado Lattice – “com teclas 10% maiores do que os modelos Samsung anteriores“. Tanto na fonte para carregar a bateria como no próprio X45 (canto superior esquerdo, logo acima do “F1”) vemos um indicador de luz para indicar quando ambos estiverem ligados. Eles ficam acesos em um estático tom de azul, sem piscar nem mudar de cor para indicar quando a carga estiver acabando – ponto fraco. Outro ponto que deixa a desejar é a falta de retroiluminação nas teclas.
Conectividade e upgrades
Há uma vasta lista de conexões com o Book X45. Ele possui entrada para cartão Micro SD, 2 entradas USB-A (2.0 e 3.0), 1 USB-C, 1 porta LAN, HDMI e combo de entrada + saída de áudio (microfone e fone de ouvido). Curiosamente, a porta LAN é realmente uma “porta”, pois pode ser aberta para comportar o cabo de rede – dado que a espessura normal da base do Book X45 deixaria isso impossível. Ele suporta internet Gigabit e tem também Bluetooth 5.0. Em termos de memória, há a RAM de 8GB (DDR4) e um modesto armazenamento SSD de 256 GB (NVMe). Um forte ponto positivo fica com a opção de você poder expandir ambas as memórias com acesso fácil, por ele ter portas traseiras, que precisam de um “jeitinho” para serem abertas. Isso é importante para quem quer uma máquina a longo prazo que se adeque a upgrades no futuro. Particularmente, achei ambas as tampas muito frágeis – ainda se você, leitor, considerar que eu estive com o notebook apenas para testes, a primeira impressão me fez ter ainda mais cautela ao abri-las. Em apenas uma única remoção, para que eu pudesse compreender como essa troca funcionava, percebi um alto potencial do plástico ser arranhado com uma simples chave de fenda. A construção ruim deixa de ser intuitiva inclusive com quem está habituado à delicadeza de trocar peças de um gabinete. Elas passam a impressão de serem mais simples, porém, ainda precisam de ferramentas.
Imagem e som
O notebook conta com uma tela LED 15.6 polegadas em resolução HD (1366 x 768). Este é talvez o principal ponto negativo do Book X45: ter especificações técnicas muito boas, dignas de intermediário, mas ainda vir com uma tela HD. Em relação a ângulos de visão, o display também não satisfaz muito, pois um leve ajuste na dobradiça deixa os tons de preto mais acinzentados (e as cores mais claras, em geral). É preciso um ângulo muito específico para uma experiência de visualização tranquila. Sobre a mesa, tanto para navegar na internet como para assistir filmes na Netflix, não há problemas. Sem ponto comparativo de uma tela FHD, olhares destreinados vão com certeza achar a iluminação muito boa – o mínimo, tratando-se de um notebook intermediário. Como complemento à imagem satisfatória, temos o sistema de som estéreo, nas laterais inferiores do computador. Bem como a webcam integrada, o áudio serve mais como um “quebra-galho” do que seria um ponto positivo para o Book X45. Pelo rebote ao colocar o computador em uma mesa de madeira, não tive problemas em compreender diálogos de filmes e nem problemas ao escutar música. Enquanto portátil, imagem e som ficam bem agradáveis.
Performance em games
Equipado com a GPU dedicada NVIDIA GeForce MX110 Graphics, com GDDR5 2GB, o notebook da Samsung se propõe a ser uma máquina potente, mesmo que não se compare aos laptops que se vendem como “gamers”, intermediários, com placas de vídeo também da NVIDIA. O Book X45 serve mais como um PC potente para dar conta de tarefas diárias e jogos casuais, sem queda de performance. Por estar instalado no SSD, o boot inicial do sistema demora poucos segundos. Aplicativos e jogos também têm seu início de forma ligeira, lembrando que temos 256GB para desfrutar e a adicional opção de um HD. Pela facilidade proporcionada, fica quase obrigatório adquirir um HD extra a quem precisar de um uso mais rotineiro do PC, dividindo em qual memória de armazenamento calha melhor em cada situação. Quem está acostumado a conferir os reviews de computadores aqui do site deve ter visto um dos testes de performance mais eficazes ao falarmos sobre renderização. Com a 20ª edição do Cinebench, software derivado do programa de modelagem 3D Cinema 4D, vemos uma pontuação baseada na performance da CPU e em suas conexões. Com total de 1211 pontos, chegamos à conclusão do quão rápido a CPU age em multitasks de processamento ao usar todos os cores disponíveis. O Book X45 possui processador Intel Core i5 10210U (4 cores e 8 threads) e realizou a renderização do cenário em poucos segundos. Por fins de comparação, um i7 geralmente marca mais de 1,5 mil pontos – vide um processador também de 10ª geração que testamos por aqui. Em escala crescente de exigência, testei os jogos com animações que pedem menos da máquina: Celeste e Ape Out. O primeiro é um sidescroller de plataforma, o segundo é uma aventura survival em 3D. Nos dois casos, a média de frames por segundo ficou em 60, mesmo que certas vezes houvesse queda para 30/40 frames logo depois de carregar um novo nível ou cenário. Para quem quiser se divertir com jogos independentes onde arte importa mais que gráficos realistas, o Book X45 faz um ótimo trabalho mesmo que comporte tudo em tela HD. Por sinal, essa foi a primeira vez que terminei o primeiro ato completo de Ape Out, levando pouco mais de uma hora de game, que se manteve na média comentada (60 fps com quedas que bateram 30 fps). O salto de evolução me levou ao game Metro 2033 Redux, a versão com complementos (de 2014) que originalmente saiu em 2010. O jogo de tiro em primeira pessoa raras vezes passou de 20 fps em cenários mais calmos, logo na introdução. Um tempo depois, com interações reais e muito mais ação, vi o Book X45 se esforçar muito para conseguir manter-se acima dos 10 frames. Nele, porém, vi um ótimo uso do som estéreo para facilitar a noção espacial, com um aspecto mais imersivo. Com este ponto de comparação, jogos de tiro talvez não sejam uma boa escolha para rodar por aqui. Uma exceção fica com os gráficos cartunescos e coloridos de games como Paladins e Overwatch, pois os dois possuem texturas básicas e só pedem mais da GPU/CPU quando ocorrer conflitos com muitos jogadores em cena. Em gameplay normal, eles provavelmente rodarão na mesma média citada anteriormente (20 fps com quedas). Se você realmente quiser “forçar a barra” com games de história e não se importar com fluidez de animações, pode tentar jogar certos jogos mais antigos, com texturas visualmente agradáveis mesmo que no nível mínimo. Um exemplo que testei foi Sherlock Holmes: Crimes and Punishments, jogo de 2014. Houve zero consistência: em certas cutscenes não passou de 20 frames, em outras chegava a bater 30; ao investigar itens do inventário variou entre 30 e 40 frames, enquanto exploração de cenário e interação com NPCs fluiu entre o extremo intervalo médio de 20 e 40 fps. Até assim, por insistência em jogá-lo do início pela primeira vez, consegui me distrair por cerca de uma hora de game. Só parei com o jogo pelo fato de a jogabilidade em si não me agradar. Então, por ver a performance lenta do Book X45 em jogos até mais básicos, arriscar testá-lo com títulos mais exigentes/recentes esteve fora de questão. Com esta base, ele poderia até abrir jogos pesados (de mundo aberto), com um “engasgo” mais evidente e com certeza sem passar de 20 frames por segundo, mesmo com gráficos no mínimo. Ainda falando de performance, uma rápida passagem pela bateria: quando a carga estava quase completa, decidi jogar com o notebook desplugado da tomada. Meia hora depois, em jogatina casual (Celeste, um dos games mais leves), vi que restava ainda 75% da bateria e 3 horas restantes. Isso ainda era no “modo padrão” de performance, que não estava nem em economia e nem em alto desempenho – se ativasse este, a bateria cairia para menos de 2h20. Logo, percebe-se que a duração da bateria do Book X45 é um ponto mediano que, em alguns cenários, fica ligeiramente negativo. Em uso do navegador para conferir redes sociais, trabalhar e assistir vídeos no YouTube, ela durou uma média de 5 horas com brilho médio. Vale também ficar atento para ignorar o indicador da bateria, que em pouco tempo de testes deu problema ao exibir a estimativa (eu havia utilizado a carga completa do PC apenas uma única vez). Somente ao decair mais 2% da carga atual com o cursor sobre o indicador, ele exibe a estimativa que calculei ser correta, como “50%” significar mais ou menos 2h30-3h de duração. Aqui acho importante também incluir a experiência rotineira como um todo, ao utilizar o notebook com seu enorme trackpad e teclado confortável. Ainda há mínimo feedback tátil das teclas, que são botões simples, sem cansar os dedos depois de horas de digitação ou jogatina. Uma única particular crítica que faço ao teclado é a escolha de design com um espaço vazio sobre as setas esquerda/direita, que poderiam muito bem ser do mesmo tamanho da uma tecla numérica, em integração uniforme do espaço de digitação.
Conclusão
O notebook Samsung Book X45 teria de tudo para ser um excelente intermediário, mas as primeiras impressões nos testes limitaram-no de ter uma nota melhor pela proposta apresentada. Claramente a tela HD fica como principal ponto negativo de todo o pacote, com a construção da máquina agindo de forma equilibrada em termos de design e praticidade. Por um lado, há expansão de memórias, suporte para HD (adicional ao SSD), um acabamento elegante e teclas bastante confortáveis. Por outro, a fragilidade das tampas traseiras, o ângulo limitado de visualização da tela e o sacrifício do tamanho de certas teclas (Enter e setas direcionais, principalmente) para abrigar o NumPad, são deslizes que um comprador precisa considerar. Tratando da relação ao custo-benefício, ele se encontra dentro da média de mercado: em lojas como o Magazine Luiza, ele é vendido por R$3.894,05 à vista. Em questão de performance, temos exatamente o que é proposto. O Samsung Book X45 vai abrir tranquilamente certos softwares de edição (imagem e até de vídeo) e serve muito bem para o multitask de navegação na internet. Quem for fã de jogos indie pode adquiri-lo e se divertir. Só não vale esperar por uma grande surpresa ao testar games modernos AAA, coisa que ele não dá conta. E aí, o que achou do Samsung Book X45? Conte para a gente nos comentários!