O primeiro contato com Overwatch 2
Eu não fui uma das pessoas que conseguiram jogar o game nas versões Alfa e Beta, então passei por todo o sufoco da semana de lançamento do game. O game, como já mencionei, foi lançado no dia 4 de outubro e, nesse dia, ele estava INJOGÁVEL. Por algum motivo, a Blizzard parece não ter se atentado que a “continuação” de um game como Overwatch traria não só novos jogadores, mas também a maioria dos veteranos que perderam interesse ao longo dos anos. Para piorar, a empresa sofreu com diversos ataques DDoS nos servidores no dia do lançamento. Ao longo da semana, consegui entrar no game algumas vezes, mas sem conseguir fundir minhas contas, então foi como se eu estivesse jogando o game pela primeira vez, sem meus personagens, skins, armas douradas e afins. Foram três dias com o game completamente bugado até que, no final de semana, as coisas começaram a se ajeitar e consegui jogar para valer. Por se tratar de “uma grande atualização” do primeiro game, todos os cosméticos de quem já jogava foram migrados para essa nova versão. E sim, tivemos muitos problemas com isso no lançamento também. O ideal seria entrar no game, aceitar a conexão das contas e pronto, todos os cosméticos voltariam. Na prática, foram três dias de filas, personagens sendo bloqueados e desbloqueados sem motivos e essa imagem aqui:
O que mudou em Overwatch 2
Quando o segundo game foi anunciado, achei tudo muito estranho. Afinal, o primeiro game estava passando por uma péssima fase em que os personagens estavam todos desbalanceados, a busca por jogo estava lenta e acredito que nem mesmo a Blizzard sabia muito o que fazer ali. No entanto, não significava ser necessário um novo game para “arrumar” o primeiro. No fim das contas, fomos a apresentados a um modo cooperativo novo que até agora não vimos a cara e esse sim traria novidades para o título, com uma história, um sistema único de perks e muito mais. Com o lançamento do jogo, o que aconteceu foi que tivemos uma grande atualização chamada Overwatch 2 e essa, depois de várias tentativas no primeiro game, trouxe mudanças significativas. A primeira grande mudança fica na composição dos times. Agora, ao invés de seis integrantes no time, temos cinco, com dois suportes, dois DPS (personagens de DANO) e um TANQUE. A princípio pensei que essa ideia seria um tiro no pé, mas após conseguir jogar, notei que isso fez com que os times pensassem melhor nas estratégias, seja de ataque ou defesa — mesmo que eu só tenha jogado com pessoas que não tão nem aí pro time. Outro ponto que recebeu uma mudança interessante foram os personagens. Alguns deles estavam extremamente poderosos e quebrando o jogo. Orisa foi retrabalhada em todos os sentidos, com novas habilidades, e agora se tornou um dos principais TANKs do game. Doomfist era um DPS extremamente quebrado e que sozinho dizimava uma equipe. A partir de agora ele fica na categoria de TANKs também e, embora ainda não seja o melhor da categoria, parece ter se encaixado melhor assim. No entanto, ainda temos problemas sérios envolvendo a Moira, por exemplo, uma personagem de suporte que nunca se encaixou muito bem. Ela sempre deu trabalho por não cumprir sua função direito e causar muito mais dano do que curar. Isso não mudou muito por aqui. Como novidades, temos três personagens, sendo a TANQUE Rainha Junker, a DPS Sojourn e a SUPORTE Kiriko, essa última desbloqueada através do Passe de Batalha. Assista ao curta animado de Kiriko:
O Passe de Batalha e Microtransações
Sendo uma tendência no mercado de games, ainda mais agora que o game se tornou free-to-play, a Blizzard decidiu implementar o Passe de Batalha em Overwatch. Sendo um jogador de Fortnite, admito que gosto da ideia. No entanto, a forma como isso foi implementado no game da Blizzard não é das melhores. O valor para adquirir o Passe é relativamente mais caro que os games da concorrência e por mais que tenham diversos itens legais nele, não oferecer nenhum tipo de recompensa monetária no game é um baita tiro no pé. Digo isso, pois em games como Fortnite e até mesmo Warzone, uma vez que você comprar o Passe de Batalha, caso não gaste as moedas com itens da loja, terá sempre o suficiente para adquirir o próximo sem precisar gastar nem mais um centavo. Aqui em Overwatch não temos isso e tudo é extremamente caro. O Passe sai por volta dos R$40 e as roupas dos personagens quase R$100, preços muito elevados. O argumento de que isso seria “justo” pelo fato do game ser gratuito agora poderia até colar em outras eras, mas atualmente só parece exploração do consumidor mesmo. O já mencionado Warzone é um exemplo de game que conta com suas “moedas” num valor parecido. No entanto, os itens da loja são sempre recheados, além de ter packs onde você paga o valor de R$78, equivalente a 2400 moedas, com um personagem, skin de armas e outros e ainda ganha mais 2400 moedas, fazendo a sua compra valer mais a pena. Isso nos leva ao ponto que, por mais aleatório que o sistema de lootboxes fosse em Overwatch, ele funcionava muito melhor com o público. Afinal, mesmo que você não ganhasse nenhum dos itens de evento nas caixas, você sempre podia acumular moedas jogando e comprar os itens que quisesse quando eles voltassem a ficar disponíveis. O que piora a situação do novo sistema de microtransações é que, independente de quando foram lançados os itens, se ele for um do tipo “lendário”, terá o valor de 1900 moedas — também conhecido como R$92 –, mesmo sendo de 2, 3 ou 4 anos atrás. E como citei, o game antes te recompensava com moedas ao jogar, mas agora o único jeito é gastando nosso suado dinheiro. Você pode até ganhar algumas moedas fazendo missões semanais, mas é tão pouco que o esforço acaba não valendo a pena. Para efeito de comparação, os itens lendários custam 1900 moedas e essas missões não são cumulativas, então se você não cumprir elas dentro dos 7 dias, você já perdeu as 60 moedas daquela semana. E ah, caso você tenha acumulado muitas moedas no jogo anterior, saiba que você vai poder gastá-la aqui, mas somente com itens selecionados, não inclusas as coisas mais legais de eventos, por exemplo. Para finalizar, o Passe conta com 80 níveis principais, mas é cheio de itens não tão importantes até o nível 200. O progresso dos níveis é ok e não chega a ser lento como em Warzone; caso decida comprá-lo, você tem um bônus de XP. Acredito que, com o tempo, essa questão de microtransações passe a se equilibrar em valores e o game passe a oferecer mais incentivos aos jogadores, tanto para comprar itens, quanto para comprar o passe. Por ora, eu acho simplesmente inviável e uma baita exploração.
Modos de jogo
Citei brevemente que o game agora conta com 5 jogadores em cada time, ao invés de 6, como era antes. Na prática, isso gera uma janela de possibilidade muito mais interessante, pelo menos no tempo que consegui jogar até o momento. Atualmente, o game conta com os modos de jogo livre — jogo rápido por função ou aberto –, heróis misteriosos, em que você joga sempre com um personagem dado pelo game de forma aleatória e o combate até a morte, o famoso mata-mata. No competitivo — que ainda não tive coragem de testar no segundo game –, assim como no primeiro game, temos classificações que vão do bronze até o Top 500, passando pelas classificações prata, ouro, platina, diamante, mestre e grão-mestre nessa jornada. Você pode jogar tanto no modo por função, quanto no de fila aberta também. Há ainda o modo arcade que é onde temos o lado mais divertido do game, sempre com playlists de jogos com algum mapa ou modo específico, “mods” de baixa gravidade entre outros. Já as duas últimas opções são jogos personalizados e treinamento. No primeiro, você pode explorar uma gama de modos criados pelos usuários, criar seu próprio jogo ou tirar um tempo para reunir seus amigos. Já o segundo, você tem acesso ao tutorial, campo de treinamento e até mesmo uma simulação contra os personagens, controlados pela IA do game. Mesmo mantendo os modos de jogo do primeiro game, Overwatch 2 traz consigo alguns mapas e alguns deles trazem um novo modo de jogo. Um deles é o mapa chamado Coliseu e a ideia desse novo tipo de mapa é semelhante a um cabo de guerra. Temos um robô no meio do cenário e as duas equipes precisam se enfrentar e ver quem consegue levar o robô mais longe. Caso a sua equipe leve o robô até o final, ou então chegue mais longe até o final do tempo, será o vencedor.
Aspecto visual e Dublagem
Por ser uma “continuação”, era esperado que houvesse mudanças gráficas e no visual, não é mesmo? Na realidade, senti que não houve melhorias em efeitos, explosões e na parte gráfica num geral. O que mudou, no entanto, foi a ambientação de alguns mapas, mudando a hora do dia, direção do Sol e outros detalhes que trazem um aspecto de novidade ao game, como o HUD. Além disso, todos os personagens do “primeiro jogo” tiveram seu visual retrabalhado. Os novos designs se aplicam somente quando você escolhe essas versões e esse é um ponto bem positivo. Todos os personagens que receberam essa cara nova ficaram muito bem feitos e, como de praxe, temos uma excelente dublagem por aqui. Praticamente todo o elenco do primeiro game voltou. Tudo o que estava presente em Overwatch ainda está aqui, mas temos mais interações, falas novas e novos personagens. Inclusive, algumas vozes mudaram, como da Ana e Mercy. Em outros casos, temos as mesmas vozes, mas com um timbre diferente, como no caso de Brigitte. Isso pode ser talvez por causa dos estúdios home-office ainda sendo implementados com muitos atores e atrizes.
Vale a pena?
Nesses casos, as pessoas diriam que “de graça, até injeção na testa” e embora isso até faça um pouco de sentido, acredito que essa não é uma boa desculpa para tratar o jogo com desdém ou transformá-lo na coisa mais anti-consumidor possível. O game foi recém-lançado e não foi um bom lançamento, mas em relação ao que tínhamos nos últimos tempos do primeiro game, já tivemos melhorias consideráveis de balanceamento dos personagens e na vida útil do jogo. O real problema do novo jogo fica por conta do novo sistema de microtransações, que não oferece nada realmente interessante e é caro demais. Fico na esperança de que eles retrabalhem essa questão, oferecendo mais itens e até moedas como recompensa dos Passes de Batalha no futuro, mas sinceramente, tenho minhas dúvidas. Você pode baixar o game gratuitamente no site oficial do mesmo e nas principais plataformas, como PlayStation, Xbox e até no Nintendo Switch. E para conferir outras reviews e muitas outras matérias sobre o mundo da tecnologia, games e da cultura pop, não esqueça de acessar o site do Showmetech.