As empresas sabem disso, e tentando visar tanto esse público quanto novas audiências, relançam jogos. Mas nem todos esses jogos estavam disponíveis para consoles famosos como Game Boy Color ou Super Nintendo, o que torna essas coletâneas ainda mais curiosas. E é por isso que NeoGeo Pocket Color Selection Vol. 1 se destaca.
O que é NeoGeo Pocket Color Selection Vol. 1
Para entender essa coletânea, uma rápida aula de história é bem vinda. A SNK, desenvolvedora e publisher dessa coleção, é uma lendária empresa japonesa conhecida pelos seus jogos de luta como King of Fighters e Fatal Fury. Nos anos 90, vendo o sucesso dos consoles de mesa, e vendo que por mais que o mercado de fliperamas fosse lucrativo, não tinha um potencial de crescimento tão grande, a empresa apresentou ao mundo o NeoGeo. O NeoGeo foi lançado em duas versões, AVS e MVS, um sendo um console para casa e outro sendo uma placa que era colocada em gabinetes de fliperama. Ambos os sistemas tinham as mesmas configurações e, com isso, embora o NeoGeo fosse um console caro, os jogadores podiam ter uma experiência igual à do arcade, coisa inexistente até então, em casa. O videogame foi um sucesso no Japão, embora nichado no resto do mundo. Confiando mais na produção de hardware e vendo como o Game Boy estava virando um grande sucesso, a SNK investiu em um portátil também: o NeoGeo Pocket. Com poder gráfico semelhante ao Game Boy, mas já gerando gráficos coloridos e com um pequeno analógico no lugar de um d-pad, o console contava com uma construção e design incríveis. Seus jogos, na grande maioria versões simplificadas dos principais títulos da empresa, eram experiências bem impactantes para portáteis. Com tudo isso, o NeoGeo Pocket Color Selection Vol. 1 se torna um grande item para colecionadores e entusiastas da história dos jogos.
Os títulos e suas qualidades
No total, NeoGeo Pocket Color Selection Vol. 1 conta com 10 títulos, sendo 6 deles de luta:
SNK GALS’ FightersSamurai Shodown! 2The King of Fighters R-2The Last Blade: Beyond the DestinyFatal Fury: First ContactSNK vs. Capcom: The Match of the MillenniumMetal Slug: 1st MissionMetal Slug: 2nd MissionDark Arms: Beast BusterBig Tournament Golf
Como os jogos são ports diretos lá da época do NeoGeo Pocket, eles possuem somente dois botões para realizar ações. Nos jogos de luta, em especial, isso pode inicialmente confundir jogadores experientes, já que King Of Fighters R-2 tem um gameplay bem parecido com a série de jogos clássicos para arcades, mas em vez dos 4 botões conhecidos, golpes fortes são feitos com combinações de direções mais o botão de soco ou chute. Passado esse susto inicial, é interessante ver como nos seis jogos de luta, mesmo com o hardware limitado, o jogo se mantém fiel às suas diferenças e características únicas dos originais. Samurai Shodown! 2 é um jogo lento, onde cada golpe pode decidir a luta. Fatal Fury: First Contact e SNK Gal Fighters já são jogos mais rápidos, e mesmo que com gráficos parecidos nos personagens, os cenários, apresentações, tela de seleção de personagens e músicas tornam o jogo uma experiência bem única. The Last Blade: Beyond the destiny consegue deixar toda atmosfera séria e tensa dos jogos da franquia em gráficos 8-bits, e impressiona, me parecendo a conversão e adaptação mais interessante das aqui presentes, pelo menos nos jogos de luta. The King of Fighters R-2 também é surpreendente, trazendo tudo que eu espero da minha franquia de jogos de luta favorita, mas com jogabilidade simplificada, e imagino que para o console que o NeoGeo Pocket era, era uma experiência absurda. Por último na parte de luta, temos SNK vs. Capcom: The Match of the Millennium. Embora em termos de jogabilidade não se tenha muito o que falar após os outros cinco, ele é um jogo importante pelo seu valor enorme para a história dos games: esse jogo é a primeira colaboração entre Capcom e SNK, eternas rivais dos jogos de luta, e abriria espaço mais tarde para jogos como Capcom vs. SNK: Millennium Fight 2000 e SNK vs. Capcom: SVC Chaos, sendo um marco importante nos games de luta. Nos jogos restantes, Metal Slug: 1st Mission e 2nd Mission talvez sejam os que menos sofreram o impacto do tempo. Considerando que naturalmente a franquia já conta com uma jogabilidade simples, as adaptações não parecem dever em nada aos seus irmãos em consoles mais potentes. Já Dark Arms e Big Tournament Golf são jogos mais curiosos, um sendo um jogo de Golf bem divertido e com leves elementos de RPG, e outro sendo uma espécie de Diablo japonês, mas em vez da constante procura por equipamentos você tem é que evoluir a sua arma. Embora ache que são os títulos que menos importam na coletânea, é ótimo ter acesso a eles.
Os anos e a jogabilidade
Porém, existe uma questão importante nestes jogos estarem disponíveis em uma plataforma moderna e potente: o passar dos anos. É claro que, embora eles fossem títulos portáteis excelentes em seus anos de lançamento, hoje, em 2021, as coisas são diferentes. O Nintendo Switch tem disponível em seu catálogo digital boa parte das versões para consoles grandes desses títulos, então fica uma estranha sensação de “eu talvez pudesse estar jogando algo melhor” ao tocar em boa parte deles. Porém, achar isso, na verdade, é não entender a verdadeira proposta do jogo, que volta lá para o parágrafo de abertura deste texto. Essa coletânea não é simplesmente você poder jogar esses jogos, é você ter um meio de não depender somente dos cartuchos, de pagar valores enormes em ebay ou Mercado Livre e, acima de tudo, não estar refém de eventuais erros de hardware. Com um preço de US$40,00 na e-shop do Nintendo Switch, para mim é claro que essa possibilidade de ter e conservar um pedaço da história dos games é uma oportunidade excelente. Para mais informações sobre videogames, como o review de Nier Replicant, fique de olho no Showmetech.