A Motorola gentilmente nos enviou um Motorola Edge 20 Pro, e após utilizar o celular como dispositivo principal nos últimos dias, eis a análise completa do produto.
Design
De cara o que mais chama a atenção ao abrirmos a bela caixa do Motorola Edge 20 Pro é o seu design arrojado. A parte traseira vem numa cor azul mais escura, que ao mesmo tempo em que é fosca também consegue refletir muito bem a luz. Esse jogo de iluminação ainda revela pequenos quadradinhos brilhantes nas faixas laterais, que dão um toque muito chique. Mesmo sendo lindo, isso foi um perigo em particular para mim. O que acontece é que todo o revestimento é feito com Gorilla Glass, tornando o smartphone super lisinho e muito fácil de escorregar da mão. Essa trágica fatalidade não chegou a acontecer comigo – por pouco – e eu nem considero como um defeito ou ponto negativo, apenas algo que me chamou a atenção em contraste com outros celulares em que isso dificilmente acontecia. O smartphone é bem fininho e leve, pesando apenas 190g e é bem ergonômico. Na parte de trás há a tradicional logo da Motorola — que não serve como sensor biométrico como em outros modelos da marca — e um conjunto de câmeras saltadas com 3 grandes sensores. O visual dessas lentes ficou bem bonito e não é tão espesso ou extravagante como outros modelos por ai. Na parte superior há apenas o espaço para reset, enquanto a posterior conta com a conexão USB Tipo-C para carregamento rápido, o microfone, alto-falantes e a entrada para cartão SIM 2. O Motorola Edge 20 Pro infelizmente não aceita cartão MicroSD. Numa lateral há um botão para se conectar ao Google Assistente, enquanto no outro lado temos os tradicionais botões de volume e power, que também funciona como o leitor de digitais. Essa escolha me agradou bastante, e diferentemente de outros smartphones, não tive problemas na hora de configurar esse sensor com meus dedos. Na caixa, além do Motorola Edge 20 Pro, vem um carregador, que comentaremos em breve, cabo USB Tipo-C 3.1, fones de ouvido – SIM! Habemus fone – também USB Tipo-C, uma capinha transparente para proteção e os manuais de instrução.
Tela
Posso adiantar: o Motorola Edge 20 Pro tem a melhor tela que este redator já experimentou. Claro, podem haver outros aparelhos melhores nessa categoria, mas para mim esse é o ponto supremo do Edge 20 Pro. Com o tamanho de 6.7 polegadas, estamos falando de um display OLED com suporte ao HDR10+ e em termos simples isso significa uma belíssima qualidade de imagem. As cores são vivas, tem bastante contraste e os tons de preto são incrivelmente escuros, como manda o roteiro. O brilho máximo me agrada demais e a resolução Full HD+ (2400 x 1080) dá conta do recado sem problemas. Porém, outro grande destaque nessa etapa é a taxa de atualização de 144 Hz, superando alguns pesos pesados do mercado premium. No dia a dia essa fluidez é sensacional e dificilmente você vai querer voltar para um celular com uma taxa menor. Realmente é algo que deixa — ou dá a ilusão, digamos — a impressão de que é um smartphone mais potente e veloz. Essa tela de 144 Hz, no entanto, é mais voltada para um público gamer que queira desfrutar de todo esse potencial. Na prática, eu não senti tanta coisa, e como não sou um gamer mobile, na hora de investir no meu futuro celular topo de linha é possível que eu não escolhesse uma tela com tanta taxa de atualização por um motivo. Afinal de contas, se você quer uma super tela precisa sacrificar alguma coisa no meio do caminho.
Bateria
Da tela, pulamos justamente para a bateria, onde as coisas começam a ficar um tanto quanto nebulosas. Na verdade, o Motorola Edge 20 Pro não é um horror nem um primor nesse quesito, contando com 4.500 mAh. Seria injusto bater nesse modelo por achar que o consumo de energia é rápido demais, pois eu sei exatamente que o motivo disso acontecer é a alta taxa de atualização da tela, todo o display super vivo etc. Mas por outro lado, foi um ponto que realmente me deixou meio incomodado durante os testes. A Motorola poderia ter investido em algo como 5000 mAh para dar aquele up maroto e deixar o usuário um pouco mais tranquilo, mas não aconteceu. Em média o Motorola Edge 20 Pro dura um dia longe das tomadas ou um pouco menos, dependendo que como você o utiliza, claro. Porém, o que me deixou realmente frustrado foi a lentidão no carregamento. Enquanto meu celular primário, o realme 8 Pro, tem os mesmos 4.500 mAh e nem mesmo chega perto dos 144 Hz, seu super carregador de 65W é um monstro e em 40 minutos já tenho 100% de carga. No Motorola Edge 20 Pro esse processo levou muito mais tempo com o carregador de 30 W USB Tipo-C/USB Tipo-C na duas pontas. Em seu site oficial a Motorola até faz uma leve propaganda sobre o carregador TurboPower 30 W, mas na prática isso não me agradou, principalmente quando consideramos que o Motorola Edge 20 Pro custa mais de 4 mil reais atualmente.
Câmera e som
Não poderíamos esquecer um dos pontos fortes do Motorola Edge 20 Pro: seu conjunto de câmeras. Indiscutivelmente o destaque vai para a câmera principal de 108 MP e o resultado é bom, mas senti que faltava algo, que precisava de um toquinho especial. Por mais que eu não seja um entusiasta das câmeras, e estejamos falando de um competente sensor de 108 MP, as fotos em locais menos iluminados não ficam tão nítidas para mim, mas quando há luz o resultado é mais satisfatório. Obviamente isso tende a acontecer com qualquer câmera: se há menos luz, há menos detalhes. Porém não estou me referindo a uma escuridão total ou tirar fotos de noite, simplesmente alguns locais com um pouquinho de luz faltando que realmente impacta bastante. Mas novamente, reitero que não é um sensor ruim, longe disso, mas eu esperava um pouco mais. Por outro lado, há a segunda câmera: uma lente ultrawide de 16 MP, bem competente e que tira boas fotos, juntamente com a câmera macro para para fotografias muito próximas e bem detalhadas. Esse conjunto foi bem surpreendente e foi do meu agrado graças a sua boa qualidade, mesmo que a resolução não seja tão alta assim. As selfies com a câmera frontal de 32 MP, por sua vez, são bem convincentes, mas novamente senti um leve incômodo com algum aspecto na qualidade final. Aqui, porém, o desconforto é relacionado com muita granulação presente na imagem, mesmo em locais bem iluminados. Embora isso não seja um ponto super negativo para mim, e precise de um esforço mais atento para perceber, não poderia deixar passar despercebido dado o preço do Motorola Edge 20 Pro. À noite esse probleminha fica mais perceptível. De longe, o que mais me incomodou nisso foi o menu do app da câmera. Em outros modelos temos acesso a todas informações bem detalhadas e esmiuçadas, mas aqui simplesmente é ruim e difícil encontrar um simples modo ultrawide ou macro. Precisei fazer o papel de mago para desvendar o que cada símbolo significava, pois não há boa orientação. A qualidade sonora é OK, mas deixa muito a desejar pois não possui um áudio estéreo, apenas um mono com o alto-falante na parte posterior. Usualmente eu utilizo sempre os fones de ouvido e não me incomodaria com isso, mas estamos falando de um aparelho topo de linha, e não apostar bem na qualidade sonora é um erro grave desnecessário.
Desempenho e configurações
Felizmente, não há o que reclamar sobre o desempenho do Motorola Edge 20 Pro. O modelo simplesmente é super potente e tem componentes que fazem jus à sua proposta topo premium. Internamente há um poderoso processador Snapdragon 870 5G, com GPU Adreno 620, 12 GB de memória RAM e 256 GB de armazenamento interno. Memória e espaço não vai faltar, e definitivamente a dupla CPU + GPU agrada bastante. No uso cotidiano não há nem sinal de engasgos ou qualquer tipo de lentidão, nem aquecimento. No entanto, durante o carregamento, senti uma bela esquentadinha, mas a própria Motorola já alerta sobre isso previamente, então não há problemas por aqui. Para evidenciar esse poder de fogo, testei o Motorola Edge 20 Pro em uma série de joguinhos, como Genshin Impact, Free Fire, Call of Duty: Mobile e no belíssimo Sky, desenvolvido pelos mesmos criadores do aclamado Journey. O resultado não surpreende a ninguém: um gameplay liso, sem travadas, engasgos, nada. É como se eu estivesse realmente jogando no meu PC – dadas as devidas proporções, claro – e tudo foi ótimo. Em testes sintéticos, usamos o Wild Life para comparar a qualidade de GPU. Esse benchmark tem um minuto para avaliar a capacidade do dispositivo para demonstrar altos níveis de performance por curtos períodos de tempo, similar ao que acontece com games mobiles que contenham partes super frenéticas. Tudo foi renderizado na resolução 2560 x 1440 e atingindo 4203 pontos, fazendo um bom combate, ainda que levemente distante, contra o Galaxy S21 Ultra 5G.
Interface
O Motorola Edge 20 Pro é baseado em Android 11, mas receberá atualizações para o Android 12 e 13 no futuro, então compatibilidade com o sistema operacional não será problema por um bom tempo. A interface utilizada é a My UX, bem tradicional para os aparelhos da marca e que não apresenta grandes novidades. É o “basicão”, por assim dizer, que funciona perfeitamente. Tiramos prints ao pressionar 3 dedos na tela, há modo de edição, personalização de cores, fontes, etc. Pode ficar bem à vontade e arrumar de acordo com a sua preferência. Mas vale destacar o GameMode, um modo que é ativado automaticamente sempre que você inicia um game. Por lá é possível pausar notificações, mudar intensidade do brilho, gravar ou printar a tela, realizar um streaming para a Twitch e ativar uma opção que acelera o sistema para otimizar a jogatina. Foi bem útil e prático e deve ser um bom diferencial para quem planeja se aventurar por horas nos joguinhos.
Ready For
Junto com o Motorola Edge 20 Pro, a Motorola fez a gentileza de enviar também o kit completo do Ready For. Para você que não conhece, o Ready For tem múltiplas funções, como transformar o seu celular – compatível – em um computador, espelhar a tela etc. O kit consiste em um suporte de metal muito bem feito para encaixar o seu aparelho. Nele há um pequeno pino para conectar a entrada USB do celular e realizar um carregamento e/ou a conexão com sua TV/Monitor. Na parte traseira há uma entrada USB Tipo-C. Na caixa vem um cabo USB Tipo-C para HDMI, que deve ser conectado diretamente no celular ou na base, e depois na TV ou monitor. Então, você deve ir até a barra de atalho do smartphone e selecionar por Ready For. Rapidamente aparecerá um leque de opções, como o espelhamento da tela, ou seja, tudo que é visto no celular será visto na outra tela. Porém, o chamariz é a opção de transformar o Motorola Edge 20 Pro e outros celulares compatíveis em um computador. Nesse modo podemos, inclusive, conectar um mouse, teclado ou headphone sem fio para ter a experiência mais imersiva possível. Caso não possua, não se preocupe, o seu celular se transformará numa espécie de “mouse e teclado unificado” para mexer nesse computador. O “computador”, por sua vez, tem uma interface muito similar à do Windows e funciona perfeitamente. É possível também abrir algum dos seus apps diretamente pelo Ready For, como um Word da vida. Com o Motorola Edge 20 Pro é possível realizar toda esse processo sem a presença de fios graças a conexão 5G. No entanto, a TV/Monitor que receberá a imagem precisa ser integrada com o Miracast para funcionar.
Conclusão
Por fim, o Motorola Edge 20 Pro foi um misto de pequenas emoções para mim, e creio que a melhor maneira de descrever esse smartphone seja com uma simples analogia. Imagine que você vai a um bom restaurante, com um chef renomado da gastronomia de Chicago e pede o mais recente prato principal desse especialista. Ao olhar a tabela de ingredientes, percebe que realmente é algo fora da curva e experimenta. A sensação de cada mordida é realmente boa, mas entre os sabores você sente algo que não está certo, que deveria ter um gostinho a mais ou que alguma decisão impede esse prato de ser mais autêntico. O Motorola Edge 20 Pro, seguindo esse raciocínio, é inegavelmente um produto muito bom, de uma marca conceituada que retorna ao patamar de smartphones topo de linha. Todavia, esse celular poderia ser mais; poderia ter tido um cuidado mais especial, um preparo com mais tempero. E claro, todo prato chique tem seu preço, e não é barato. Nesse caso, é pagar caro num smartphone que poderia ser mais barato pelo o que oferece. Finalmente, chegamos ao grande dilema. O Motorola Edge 20 Pro custa R$ 4.499 no Magazine Luiza, e tem uma boa construção, design sólido, configurações internas excelentes, mas já começa a balançar na câmera agradável, e fica fora do compasso pela sua bateria e qualidade sonora. O Ready For é incrível, mas o kit é vendido separadamente por R$ 360 no site oficial da Motorola. Depois de toda essa minha volta ao mundo, creio que o Motorola Edge 20 Pro seja sim um bom celular e volta a colocar a Motorola no cenário premium competitivo, mas seu preço e esses pequenos tropeços desequilibram um produto que poderia ser mais pelo valor em que é vendido. Talvez esperar as promoções de fim de ano seja a melhor ideia a se fazer por aqui.
Ficha técnica
E aí, curtiu nossa análise do Motorola Edge 20 Pro? Então você deveria dar uma olhada nessa lista com os 20 melhores filmes de comédia disponíveis em plataformas de streaming.