Porém, por mais que o jogo tenha possibilidades infinitas dentro do que se propõe, é uma questão óbvia que ainda tem limites em jogabilidade, como qualquer jogo. A Microsoft, dona atual da marca, chegou então a uma decisão que, em um primeiro momento, parece estranha: lançar um spin-off da franquia, focando em outro estilo de jogabilidade. Minecraft Dungeons representa a primeira vez em que a marca sai das suas raízes criativas e entra em um jogo totalmente já feito, com pouquíssima atuação do jogador, sendo mais um jogo nos moldes de RPGs de ação como Diablo. Será que a mistura deu certo?
Jogo curto, durabilidade artificial
A campanha principal de Minecraft Dungeons, ou o mínimo que você deve jogar para liberar todas as funções do jogo, tem duração de 4 horas se você souber o que está fazendo. Durante essas horas, o jogador é introduzido às mais diversas mecânicas, e, principalmente, explora 13 fases com layouts gerados aleatoriamente, matando inimigos e coletando itens para melhorar seu personagem. Até esse ponto, a descrição realmente se assemelha muito a outros RPGs de ação, mas creio que elas param por aí. Seu personagem tem uma flexibilidade enorme de qual tipo de guerreiro ser, dependendo 100% dos itens que você equipou nele. Não depender de um sistema de classes, como em outros jogos do gênero, torna tudo isso uma experiência mais simples, e isso é bem mais perceptível com os equipamentos também. Em vez de você ter que caçar um determinado inimigo para que ele solte a espada que você quer, o jogo te apresenta a mesma espada muitas vezes, mas com um número de força diferente e com algum poder único. Essa pseudo-variedade torna bem mais entediante a procura por novos itens, e tudo isso coopera para criar a tal da durabilidade artificial. O conceito de durabilidade artificial é algo que de uns anos para cá vem sido comentado muito em publicações de jogos e análises. Criando situações mais difíceis de acontecer, que darão alguma recompensa incrível depois, os desenvolvedores mantém o engajamento do jogador com o título por mais tempo, podendo até incliná-lo a comprar conteúdos extras com mais facilidade na promessa de ajudar no caminho para a tal peça. No fim, as 4 horas iniciais de Minecraft Dungeons viraram 12 comigo, que sem perceber estava perdido na caçada por uma espada com a combinação de poderes que eu queria. E, mesmo assim, jogando mais de 8 horas além do que eu previa a sensação é um pouco agridoce, já que independente de estar com armas muito boas não havia conteúdo real para usar essas habilidades adquiridas.
Gráficos simples porém agradáveis
Para a avaliação do jogo,usamos a versão para o Xbox One original de 2013 e no Xbox Series S, o novo console de entrada da Microsoft lançado há pouco menos de um mês. Os gráficos não sofreram grandes alterações, já que o estilo visual do mundo de Minecraft independe de hardware para ser bonito, um acerto lá de sua versão original. A grande diferença aqui é a taxa de quadros, já que, no Xbox One original, o jogo rodava a menos de 30FPS, enquanto que no Series S o jogo ficou travado nos 60FPS. Jogar nos dois consoles significa praticamente jogar dois jogos diferentes. Enquanto no Xbox One o Minecraft Dungeons sofre em todos os momentos onde vários inimigos estavam na tela, obtendo uma reação extremamente mais lenta e muitas vezes sofrendo danos desnecessários, no Xbox Series S eu voei pelas fases, tendo controle total sobre cada uma das minhas ações e planejamentos. É provável que se você tem um Xbox One X, o jogo também rode como no Series S, talvez até melhor. Mas caso você tenha o One S ou o One original, talvez seja uma boa esperar por outra oportunidade para testar o jogo nos consoles da Microsoft. Em termos de música, o jogo mantém o clima de músicas agradáveis ao andar pelos campos verdes ou pelos vários centros de mineração, mas em momentos sérios fica bem dramática. Porém nenhuma das faixas se destaca ou é memorável, fazendo com que elas sejam facilmente esquecíveis.
Conclusão
Eu sou calejado com RPGs de ação, minha adolescência pode ser resumida em horas de Diablo na madrugada. Eu gosto do gênero, e sempre tenho curiosidade de ver o que novos lançamentos podem trazer. Minecraft Dungeons talvez seja, no fim, a versão mais “simples” disponível do gênero, mas que mesmo assim pode prender e muito os jogadores. Se carregando na onda de sucesso de sua versão original, o jogo com certeza merece atenção, mesmo que por um curto tempo sem antes entrar em sua durabilidade artificial. Minha principal ressalva, porém, é como ele poderia ter feito um trabalho melhor na questão de caçar os itens. A durabilidade artificial é algo que me incomoda bastante, principalmente quando você percebe que completa tarefas por nenhuma razão específica. O jogo Minecraft Dungeons está disponível para Xbox One (e roda também no Xbox Series X e S), PlayStation 4, Nintendo Switch e PC (Windows).