Esse modelo surge como uma tentativa da Apple de trazer os recursos mais avançados do iPhone X/XS para uma faixa de preço um pouco mais acessível. Para isso, a fabricante teve que fazer alguns cortes aqui e ali, mas manteve boa parte da experiência intacta. O consenso após a apresentação dos novos modelos é que o iPhone XR (R$ 5199) é o melhor modelo para consumidores “normais”, ou seja, aqueles que não precisam ou desejam as funções mais avançadas de um topo de linha como o iPhone XS. Eu tive a chance de testá-lo nos últimos dias e conto agora neste review como foi a minha experiência. A parte traseira e as laterais do iPhone XR aludem ao design do iPhone 8, com apenas uma câmera e bordas laterais em alumínio aerospacial combinando com o tom do aparelho. O dispositivo possui classificação IP67 de resistência à água (até 1 metro) e poeira e também aguenta respingos de líquidos como café e cerveja.
Uma possível imperfeição estética do iPhone XR é o alinhamento da entrada Lightning em relação aos parafusos e auto-falantes na parte de baixo do aparelho. Nos antigos iPhones, os componentes eram sempre centralizados, mas no XR o alinhamento é feito em relação ao topo. Embora não tenha relevância no uso do aparelho, esse detalhe se destaca em virtude da notória obsessão da Apple por simetria no design de seus produtos. Já um dos grandes destaques positivos no design da linha XR é a variedade de cores em que os aparelhos estão disponíveis (a maior já oferecida em um iPhone): branco, preto, azul, amarelo, coral e vermelho. Esse último é uma parceria da Apple com a RED – ONG de combate ao vírus HIV – e parte da renda obtida com a venda do modelo vermelho será revertida à entidade. O modelo em azul avaliado pelo Showmetech é deslumbrante e foi doloroso ter que utilizá-lo dentro de uma capinha, mesmo que transparente, para proteger a traseira envidraçada. Esse termo refere-se à tecnologia que torna possível os cantos arrendondados do display e também foi aplicada nos novos iPad Pro lançados mês passado. A tela possui resolução de 1792 x 828 pixels a 326 ppp e proporção de contraste 1400:1. A polêmica se dá pelo fato da resolução ser inferior a 1080p e a tecnologia do display não ser OLED, como nos iPhones X/XS e diversos concorrentes na mesma faixa de preço. Embora seja legítimo exigir a melhor tecnologia disponível quando se paga em torno de 5 mil reais por um smartphone, a resolução não é o único fator de qualidade em um display. A reprodução de cores e tons na tela do iPhone XR é ampla e fiel, mesmo não sendo tão exuberante quanto em um painel OLED, e a engenharia empregada pela Apple para encolher e curvar as bordas na frontal do aparelho quase à mesma espessura dos modelos OLED é marcante. Talvez a maior prova da qualidade do display no iPhone XR tenha sido o resultado de um teste cego que colocou o aparelho da Apple contra o novo Pocophone F1. Ambos possuem telas de 6,1 polegadas, mas a do Pocophone tem resolução superior e mais pixels por polegada (1080×2246 pixels a 403 ppp) que a do iPhone XR. Mesmo assim, todos os participantes do teste elegeram a tela do XR como a melhor entre as duas.
Dito isso, existem duas omissões dignas de nota no display do XR: 3D Touch e HDR (High-dynamic-range). A ausência do 3D Touch é pouco significativa. Ao invés de usar pressão para expandir uma notificação na tela Bloqueada, por exemplo, basta segurar o dedo sobre o item por um pouco mais de tempo para expandir as opções. A Apple também incluiu no XR uma tecnologia chamada Haptic Touch que vibra sutilmente o aparelho quando um comando 3D Touch é executado. O resultado é similar ao proporcionado pela Taptic Engine, presente desde o iPhone 6S, porém bem menos refinado. Infelizmente não há nada que a Apple possa fazer para contornar a falta de HDR no display. Nesse quesito a tela do iPhone XR é simplesmente inferior às dos iPhone X, XS e XS Max, bem como de alguns smartphones Android. Resumindo: se você é dono um iPhone 7 ou 8 e está satisfeito com a qualidade da tela, pode comprar o XR sem medo. Se possui um iPhone X, provavelmente ficará mais satisfeito com um XS ou XS Max. A Apple não cortou custos na hora de escolher o processador do iPhone XR. O modelo conta com o mesmo chip A12 Bionic dos iPhones XS e XS Max, que por sinal é o mais avançado do mercado, bem à frente dos processadores Qualcomm que equipam boa parte da concorrência. O A12 Bionic é o primeiro chip de 7 nanômetros disponível em um smartphone e contém arquitetura de seis núcleos: dois de desempenho, para tarefas mais pesadas e quatro de eficiência, para tarefas simples do dia-a-dia. A Apple também incluiu uma poderosa GPU de 4 núcleos 50% mais rápida que a encontrada no iPhone X, segundo a empresa. A abertura e alternância entre os apps é rápida e fluída, ainda mais levando em conta o brilhante sistema de gestos do iOS, e tarefas mais pesadas como o carregamento de games e edição de imagens beneficiam-se da performance extra. Alguns benchmarks inclusive apontam ligeira vantagem do iPhone XR em relação aos iPhones XS e XS Max. Inclusive, se você gosta de jogar Fortnite no celular, pode comemorar: os iPhones XR, XS e XS Max são os únicos smartphones que suportam o game no modo 60 fps atualmente. Todo esse poder de fogo ajuda a garantir que o XR mantenha-se ágil e receba atualizações do iOS por muitos anos. Entre as principais novidades que podem ser conferidas no XR são o agrupamento de notificações na tela bloqueada, o detalhamento de consumo de bateria, controles para tempo de uso de aplicativos e os super simpáticos Memojis. Alguns apps padrão do sistema, como Fotos, Livros, Bolsa e Gravador ganharam redesigns e uma nova leva de emojis foi adicionada na atualização 12.1. A presença do Face ID torna o uso do sistema, aplicativos financeiros e de segurança – como o 1Password – muito mais ágil graças à autenticação quase instantânea para preenchimento de senhas, checar notificações, saldo, etc. O reconhecimento facial seguro do iPhone é certamente um dos maiores diferencias na usabilidade dos aparelhos da Apple atualmente. Uma crítica à navegação do iOS no iPhone XR (válida para os demais modelos X): o acesso à Central de Controles, deslizando a partir do canto superior direito da tela, é bem mais difícil que em modelos com botão Home, onde bastava deslizar a partir da borda inferior, principalmente devido ao tamanho desses aparelhos. O XR também suporta o recurso Dual-SIM, mas por tratar-se de um eSIM e não de um chip físico é necessário que a operadora ofereça suporte à tecnologia. Atualmente nenhuma operadora brasileira disponibiliza essa função. Infelizmente o aparelho não conta com a segunda lente traseira presente em outros iPhones, que oferece zoom ótico 2X e o famigerado Modo Retrato com efeito bokeh. A Apple aliviou essa perda com a adição de um Modo Retrato por software no iPhone XR, tanto na câmera traseira quanto na frontal. O aparelho usa o poder de processamento da Neural Engine do A12 Bionic para executar a façanha. É uma função interessante e sua inclusão é positiva, mas os resultados nos meus testes não foram tão impressionantes; embora algumas fotos produzidas sejam realmente atraentes, o XR teve dificuldade em reconhecer as pontas do meu cabelo e os meus óculos como itens em primeiro plano e acabava ofuscando-os erroneamente. Além disso, o Modo Retrato do XR não é capaz de reconhecer objetos ou animais, apenas pessoas (é possível contornar essa limitação comprando um excelente aplicativo chamado Halide na App Store). Um dos truques mais bacanas consiste em editar a foto e alterar o desfoco da imagem após ela ter sido tirada. Os resultados em ambientes pouco iluminados foram mistos. Enquanto algumas fotos acertam no equilíbrio entre iluminação e detalhes, outras acabam saindo um tanto escuras demais. A câmera frontal de 7 MP possui abertura f/2.2, HDR e grava vídeos em 1080p a 30fps. É uma câmera competente para selfies cujo Modo Retrato possui duas opções que a câmera traseira do XR não suporta: Luz de Palco e Luz de Palco Mono. Se esse é o seu primeiro iPhone com Face ID, aproveite para testar os divertidos Animoji e Memoji no aplicativo Mensagens. No quesito gravação de vídeo, a câmera principal suporta resoluções até 4K a 24, 30 ou 60fps, câmera lenta de 1080p a 120 ou 240 fps, estabilização óptica e uma grande novidade: som estéreo. Os vídeos produzidos pelo aparelho são notavelmente superiores àqueles de gerações anteriores do iPhone e se você quer um smartphone/filmadora, ficará extremamente satisfeito com o XR. O modelo testado pelo SMT possui 256 GB de armazenamento, o que é mais do que suficiente para o blogueiro que vos fala (meu aparelho pessoal possui 64 GB). Dado que a diferença de preço entre os iPhones XR de 64 GB e 128 GB é de “apenas” R$ 300, minha recomendação é investir nessa última para que falta de espaço não seja uma sombra na sua vida. Já se o objetivo for baixar dezenas de games, fazer longos vídeos em 4K ou tirar milhares de fotos em formato RAW, a opção mais indicada é a de 256 GB, uma vez que nenhum modelo do XR oferece 512 GB de armazenamento (você precisará comprar um XS ou XS Max para isso).
Duração da Bateria
A performance da bateria é um dos itens mais relevantes na compra de um smartphone, portanto serei objetivo: o iPhone XR possui a maior duração de bateria da linha iPhone, incluindo aí os modelos Plus. A unidade de review do XR que testei ficava, pelo menos, das 6 horas da manhã até às 21h longe da tomada e com mais de 10% de energia restante quando era finalmente plugada. Oficialmente, a Apple promete “até uma hora e meia a mais de duração [da bateria] comparada ao iPhone 8 Plus”. Lamentavelmente a Apple fornece apenas o carregador de 5W na caixa do iPhone XR, que não suporta o carregamento rápido. Para obter esse benefício, é necessário comprar um carregador mais potente separadamente. O XR suporta recarga sem fios pelo padrão Qi, mas também é necessário comprar um carregador avulso.
Preço e disponibilidade
O iPhone XR em qualquer uma das seis cores custa R$ 5199 pela versão de 64 GB, R$ 5499 com 128 GB e R$ 5999 com 256 GB. Algumas lojas já o oferecem por menos de 5 mil reais à vista. São preços inferiores aos R$ 6.999 que o iPhone X custava em 2017 ou os R$ 7.299 que a Apple pede agora pelo iPhone XS mais barato, mas ainda bem acima do que a maioria dos brasileiros está disposta a pagar por um telefone. Falar de iPhone é falar de preços altos, principalmente na Brasil, mas se você já provou dessa maçã, sabe que dificilmente resistirá a mais uma mordida. O celular é o gadget mais importante para boa parte das pessoas e gastar mais por uma experiência premium traz sim diversos benefícios.
Conclusão sobre o iPhone XR
A qualidade do hardware, o suporte técnico, o ecossistema de aplicativos e o foco em privacidade e segurança tornam o iPhone uma experiência que nenhuma outra fabricante consegue reproduzir plenamente. Se você ainda está usando um iPhone 6/6S/7 ou anterior e estava esperando para atualizar, essa é uma boa oportunidade pra abandonar de vez o design antigo e aproveitar o que a Apple oferece de melhor sem ter que pagar o preço dos modelos mais caros do ano. Com o iPhone XR você leva um smartphone que faz praticamente tudo que os iPhones XS/XS Max fazem por quase 2 mil reais a menos. Em se tratando de iPhone, é uma oferta e tanto. Se você acabou de mudar para um iPhone 8/8 Plus ou X e está satisfeito, vale a pena segurar a ansiedade – e o cartão – mais um pouco antes de atualizar para essa geração.
Especificações técnicas