O Showmetech obteve uma cópia pessoal de Cuphead para o Nintendo switch e, após uma intensa jogatina (e quase ter jogado os joy-cons na parede), trazemos uma análise completa da versão do game que chegou como sucesso de vendas no console híbrido da Nintendo.
Um mundo animado
Jogadores mais desatentos podem olhar para Cuphead e imaginar que se trata de um simples jogo para crianças. Porém, eles estão muito enganados. Talvez o fato mais extraordinário sobre os desenvolvedores indies do game, o Studio MDHR, é que apesar de começarem a produção do jogo com apenas duas pessoas (os irmãos fundadores da empresa) e sem nenhuma experiência, eles aprenderam por si mesmos a como pintar e animar apenas lendo e assistindo desenhos antigos dos anos 1930. O resultado final não é apenas o visual deslumbrante e carismático do jogo, mas a percepção de que não existe nenhum polígono digital na tela do seu Switch. Apesar de possuir outros elementos, Cuphead é em sua essência uma coleção lutas contra chefões com um gameplay ao estilo de jogos de tiro plataforma 2D, assim como os clássicos Contra e Metal Slug. De onde veio a ideia de fazer isso, nós ainda não entendemos, mas toda a estética dos desenhos animados da década de 1930 é recriada de forma absolutamente perfeita. Não é só que o jogo imita o estilo de arte e a animação com tanta precisão, mas que os desenhos reais dos personagens são tão maravilhosamente estranhos e imaginativos. Sejam eles uma batata raivosa ou o próprio demônio, todos os personagens, até mesmo os heróis, conseguem parecer estranhamente sinistros da maneira que os desenhos animados daquela época sempre pareceram. Existe um total de 30 batalhas contra chefões e quase todas são fantásticas de assistir – algo raro em games ocidentais. Mas por trás de toda a criatividade e beleza das aventuras de Cuphead existe o fato que se trata de um jogo difícil. Demoniacamente difícil, para se dizer a verdade.
As peripécias de Cuphead e Mugman
A história envolve o Cuphead titular, e seu companheiro de cooperativo Mugman, lutando por suas almas depois de ser enganado em um cassino comandado pelo próprio Diabo. Isso não lhes dá outra opção a não ser recolher as almas de devedores anteriores, que aparecem na forma de tudo, desde um palhaço de aparência maligna feito de balões até um charuto gigante e uma garrafa de uísque animada. Estes são todos fantásticos simplesmente como designs de personagens, mas também são surpreendentemente variados quando se trata da jogabilidade. Cada um tem uma ampla gama de ataques diferentes, muitos dos quais são distribuídos aleatoriamente em termos da ordem em que saem. Então, enquanto você pode aprender as coisas que acontecem em cada uma das batalhas, você não pode simplesmente aprender toda a luta de forma mecânica. Seu personagem tem um conjunto bastante simples de habilidades, e pode empregar até duas armas diferentes, que podem ser trocadas a qualquer momento, e um ataque especial em dois estágios, constantemente em carga. Você também pode mirar livremente enquanto está parado e sempre que você vir um objeto rosa você pode pular nele para obter um bônus ou interagir com ele de alguma outra forma específica do palco. Além disso, alguns níveis tomam a forma de jogos de tiro 2D de plataforma, como Castlevania, embora ainda sejam batalhas de chefe alongadas em sua essência. No entanto, existem apenas dois deles por mundo e eles são puramente opcionais, embora sejam o único lugar para pegar moedas para comprar novas armas. Esses níveis funcionam bem, e o level design é bom, mas eles não se sentem tão únicos quanto os chefes e sua pouca quantidade não faz nenhuma falta ao jogador.
Chorando sobre o leite derramado
Mecanicamente, o jogo funciona de forma ótima, com controles responsivos e confiáveis. Este é um jogo visceralmente difícil e não há como fingir que isso não irá frustrar muitos jogadores. Há um cenário mais difícil que o outro, mas mesmo isso é muito difícil, e usá-lo não desbloqueia a luta final do chefe. Não é como se jogar com um amigo ajudasse muito, pois em apenas uma tela o outro jogador se torna uma distração indesejada com tantos elementos diferentes voando para todos os lados. Jogar Cuphead é dizer constantemente para si mesmo “ok, vamos apenas mais uma vez” mais vezes do que quase qualquer outro jogo desta década. Apesar disso, não podemos deixar de desejar que o Cuphead não tivesse sido tão implacável em sua dificuldade, pois parece totalmente desnecessário, considerando o quanto a experiência é intrinsecamente divertida e o quão razoável é seu preço para a quantidade de conteúdo. Uma das poucas críticas que podemos fazer em relação ao game é o design de som discreto para suas balas, que são muito silenciosas. Pode parecer um pequeno ponto, mas prejudica uma parte importante da experiência sensorial e torna difícil dizer o quanto dano você está causando. Não há novos recursos para a versão do Switch, embora, como sempre, qualquer jogo cooperativo com controles simples seja muito adequado para o console. O port é extremamente bom, com uma taxa de quadros sólida, e você também recebe o benefício de dois anos de patches, a chance de jogar como Mugman no modo single-player e muitas novas animações. Sabemos que o Studio MDHR planeja lançar uma DLC com uma nova personagem jogável e novos níveis muito em breve, então ficaremos atentos para podermos nos frustrar novamente em combates impiedosos. Cuphead é uma produção que demonstra o quanto uma equipe criativa pode alcançar com o mínimo de ajuda e orçamento, mesmo que essas mesmas pessoas pareçam determinadas a dificultar a vida para si mesmas e para todos os outros com um jogo tão dífícil.