Campanha
Assim como os últimos 2 jogos da franquia COD, Vanguard tem uma campanha que serve como introdução aos modos mais jogados do game: o Multiplayer e o Zumbis. Por mais que, com o passar dos anos, a relevância das campanhas de Call of Duty foi diminuindo, todo ano essa é uma das features que mais anseio para jogar. Mais uma vez, nós estamos na 2º guerra mundial, porém, agora com a unificação do universo de Call of Duty — por conta do Warzone —, a história se passa no mesmo mundo que vimos no reboot de Modern Warfare (2019) e Black Ops Cold War (2020). A história tem aspectos baseados em fatos reais, mas segue uma linha fictícia. O jogo começa com a apresentação de uma força tarefa formada por indivíduos de diferentes países dos Aliados, que eram contra os Nazistas. A força tarefa é composta por 6 pessoas inicialmente, cada uma de um país, que se uniram para uma missão especial: roubar informações do “Projeto Phoenix“, uma iniciativa alemã de alguns oficiais que criaram diversos projetos pelas costas de Hitler com o objetivo de destronar o atual líder nazista e instaurar o 4º Reich. O jogo segue uma narrativa linear, mas não cronológica, e se apoia em flashbacks para gerar contextos. A forma linear faz com que você se sinta em um filme, porém dentro da ação na metade do tempo. Em Vanguard, você alterna entre uma missão jogável e uma cutscene de desenvolvimento da trama. O líder do grupo, Arthur Kingsley, baseado no herói de guerra britânico Sidney Cornell, é quem narra a campanha. O “presente” do jogo é 1945 durante a invasão final de Berlim e a queda da Alemanha nazista, porém somos quase sempre rebobinados até missões jogáveis nos anos anteriores e pelas quais podemos conhecer cada um dos personagens principais da força tarefa, como eles se tornaram heróis e por que foram escolhidos pelo comandante para a equipe. Além de Kingsley, controlamos mais 3 personagens na campanha principal — que já iremos conhecer —, principalmente durante os flashbacks. Isso conseguiu realizar uma conexão entre cada um dos personagens e a mim que eu definitivamente não estava esperando. Polina Petrova — pra mim a melhor personagem de toda a campanha — é uma sniper Russa baseada na famosa “Dama da Morte”, Lyudmila Pavlichenko, atiradora-de-elite soviética conhecida por ter abatido 309 nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Em Vanguard, ela é uma das protagonistas da força-tarefa e a personagem que mais recebe profundidade nas missões de flashback. Lucas Riggs é mestre das bombas da equipe, portanto tudo que é relacionado a explosivos é sua responsabilidade e habilidade. O personagem é baseado no herói de guerra Neozelandês Charles Upham. Pra fechar o esquadrão principal, temos o piloto inconsequente Wade Jackson, personagem baseado no herói de guerra estadunidense Vernon Larsen. Durante a campanha, podemos controlar individualmente os personagens e suas habilidades e vantagens específicas. Kingsley tem o poder de comandar e direcionar os outros integrantes da equipe; Polina começa todas missões com sua sniper e você pode distrair inimigos; Riggs pode carregar mais explosivos e mirá-los com facilidade; Wade, por sua vez, possui a habilidade de “Focar”, que o permite ver e abater inimigos com facilidade e rapidez. Assim, você controla a equipe durante os flashbacks por batalhas históricas ao redor do mundo enquanto a história progride em 1945 em Berlim. O formato de “filme jogável” não é novo na franquia e muito menos a escolha da ambientação na 2º guerra mundial. Porém, a profundidade explorada em cada personagem e a possibilidade de viver cada um dos integrantes da força-tarefa aumenta a imersão e culmina em uma sequência final — na última missão — na qual alternamos o controle entre todos integrantes. A campanha pode ter apenas 5-7 horas, mas com certeza supera em qualidade e em jogabilidade as últimas da franquia. A história de Vanguard não se deixa tornar repetitiva, inserindo aspectos novos de jogabilidade a cada missão — seja com as habilidades especiais de cada personagem ou com o ambiente, dirigindo carros, escalando paredes e até pilotando aviões em frenéticas batalhas aéreas. Vale ressaltar também que o jogo possui 4 níveis de dificuldade — o que é ótimo em termos de acessibilidade —, permitindo que qualquer pessoa, com qualquer habilidade, possa experienciar a história sem se frustrar mais do que o necessário. Isso não quer dizer, porém, que no “normal” eu não morri umas 100 vezes.
Multiplayer
Agora o tópico que todo mundo sempre espera: o Multiplayer do novo Call of Duty. Para a minha surpresa, Vanguard é um refresco da já batida fórmula da franquia. O MP é com certeza o modo que a Sledgehammer devotou mais tempo e dinheiro, sendo claramente o ponto alto do game. Algumas pessoas podem não saber, mas, por ser uma franquia anual, a Activision tem 3 estúdios que produzem os jogos de Call of Duty que se alternam em um ciclo de 3 anos. Esse ano,da Sledgehammer, recebemos a maior quantidade de conteúdo no Multiplayer desde 2011 com MW3. São 16 mapas no lançamento, com mais um chegando agora em novembro. Todos os modos padrão da franquia então presentes — mata-mata em equipe, dominação, search and destroy, etc. O destaque aqui não é esse, mas sim a chegada de duas novidades: Champion Hill e Ritmo de combate. Champion Hill é um novo modo do Multiplayer que é um misto de Battle Royale com uma partida de mata-mata comum. Nesse modo, você forma uma dupla ou um trio em uma sala com 8 equipes, em que todas vão jogar uma contra a outra aleatoriamente em pequenos mapas. Cada equipe tem 12 vidas e a última a sobreviver vence. A dinâmica é simples: você enfrenta uma equipe por vez e tem que ir tirando vidas dos adversários, comprando perks e melhorando sua arma para sobreviver até se tornar o campeão. Assim como o battle royale da franquia, Warzone, este é um modo que eu particularmente preferi jogar com amigos, ao contrário do Multiplayer tradicional que facilmente me entretém sozinho. Outro destaque aqui é o Ritmo de Combate. Agora, no menu de encontrar partidas, você pode selecionar ritmos de jogo diferentes que se adequam ao seu estilo de jogo. Você pode escolher um ritmo tático, com partidas mais estratégicas, snipers e utilitárias, ou escolher o ritmo Blitz, com mapas lotados e o caos instaurado (meu preferido). O modo multiplayer do Vanguard é um refresco principalmente pelo fato do jogo usar uma versão aprimorada da engine que roda o Warzone e, para quem passou um ano no MP do Cold War, essa era uma mudança necessária. Além das novidades principais, outro ponto que merece destaque são as armas e customização de gameplay. Vanguard lançou com 38 armas e 18 perks, dentro do esperado para o histórico da série. Porém, o destaque vai para o armeiro. Jogadores de COD já estão acostumados a montar suas classes de jogo e passar horas testando attachments. O que já era complexo ficou ainda mais: nos últimos jogos da franquia, era possível equipar apenas 5 itens a sua arma — ou 7 se usar um perk específico — e, no Vanguard, são 10 por padrão, incluindo até modificações no tipo de munição da arma. Pra fechar, vale a menção honrosa ao sistema de operadores, que agora conta com nível de operador — que te permite subir de nível seu personagem favorito para liberar gestos e novas skins. Entre os 16 mapas oferecidos, a maior variedade de customização de armas, opções de camuflagem desbloqueáveis para armas e novos modos de jogo, o multiplayer parece ser o único modo capaz de prender a base de jogadores por mais de 6 meses — eu, pelo menos, pretendo voltar mais vezes ao jogo.
Zumbis
Sinceramente, apenas uma palavra pode definir o modo Zumbis de Vanguard: incompleto. O jogo recebeu esse modo em um ano que ninguém esperava, porque a Sledgehammer normalmente não teria essa categoria de gameplay. Porém, a desenvolvedora responsável pelo zumbis esse ano é a Treyarch, a mesma que desenvolveu o Cold War e todo conteúdo de zumbis lançado em 2020 — que não foi pouco. No lançamento, o modo zumbis chega apenas com o mapa Der Anfang. O Modo consiste em um híbrido dos mapas baseados em rodadas (padrão da franquia) e o Epidemia, modo lançado em 2020. Assim, temos uma experiência mista e com muito potencial — nada explorado até o momento. No jogo, você começa com sua classe de arma escolhida no menu, em um hub central que é uma modificação de um mapa do Multiplayer (Stalingrado). A partir disso, você pode entrar em portais que te levam para outros mapas — também reunidos do Multiplayer — para realizar 3 tipos de missões. Temos o Blitz, que é sobreviver em um espaço pequeno por uma quantia de tempo; a Colheita, que é coletar runas dos corpos dos zumbis e depositá-las; e também temos a Transmissão, que é sobreviver em uma pequena área que se move no mapa. No âmbito da jogabilidade, muito é do que já conhecemos do Cold War — como o soco em lata, caixa de mistério, mesa de construção, blindagem, melhoria de campo e os perks. Porém, algumas coisas mudaram: o preço do soco em lata, os perks que agora são de graça e, em fontes para beber em um cálice, não temos mais armas nas paredes disponíveis para compra no meio da partida. As mudanças, ao meu ver, são positivas. Os perks agora são de graça, mas só o primeiro ranque deles. Você pode pagar progressivamente para que ele se torne cada vez mais forte. Além disso, o jogo adicionou pactos, que podem ser adquiridos com corações que são recebidos a cada missão completada. Esses pactos servem para customizar sua gameplay e são completamente aleatórios a cada rodada, significando uma possibilidade de gerar uma experiência mais roguelike com builds diferentes. A história, tópico muito importante, é um dos pontos altos do modo. Ela segue interligada com a trama introduzida no Cold War, mas se passa antes — como um prólogo. Mais uma vez, o zumbis conta também com sistema de operadores, sem ter personagens jogáveis próprios pra desespero dos fãs — isso provavelmente pra Activision seguir justificando o passe de batalha. Mas, para corrigir a falta de profundidade e conexão com a história, dessa vez, nossas melhorias de campo são os personagens principais da história. Cada uma das melhorias de campo é um artefato de um ser do Aether que se uniru com nossos operadores para vencer o exercito dos mortos, controlado pelo general nazista Von List — que se conectou com um artefato de um ser do Aether chamado Kortifex. A história tem um potencial gigantesco e a imersão pode retornar ao modo com os personagens principais sendo as entidades. Porém, o problema não é a jogabilidade e nem muito menos a história: é o conteúdo. Com apenas um mapa no lançamento, 3 missões básicas e repetitivas em mapas do multiplayer, o jogo se torna cansativo rapidamente e depois de 2 horas, aposto que a maioria das pessoas já vai ter experimentado tudo que ele tem a oferecer. Isso, é claro, sem contar no ponto principal: a falta de um Easter Egg. O modo zumbis vive em cima dos desafios e da buscas por referências; é o que faz os jogadores voltarem pro modo toda vez. Porém, muito provavelmente porque a Treyarch está sobrecarregada, o modo só vai receber um Easter Egg em 2022.
Warzone
Agora, com a integração do universo de Call of Duty, o Vanguard também será integrado ao Battle Royale da franquia. A integração vai acontecer junto com a chegada do primeiro passe de batalha do jogo, no dia 2 de dezembro. Além disso, todas as armas e operadores serão portados para o game e o Warzone irá receber um mapa novo, na Engine do Vanguard, ambientado no pácifico, ainda em dezembro. O novo mapa vai continuar desenvolvendo a lore do Warzone e de alguma forma vai se conectar com a história do Vanguard, para justificar a aparição das armas de 2º guerra e dos operadores. Podemos esperar mais de 150 armas disponíveis no Warzone a partir de dezembro e até a chegada de aviões controláveis no novo mapa, provavelmente similares aos da campanha do Vanguard.
Vale a pena?
Vanguard é uma ótima experiência na campanha, apesar de curta; traz um multiplayer completo e um dos melhores em muitos anos, mas peca mais uma vez na organização e lança um modo zumbis claramente não finalizado. Custando 229 reais no PC e 279 reais nos consoles da nova geração, o jogo oferece bastante conteúdo, mas, ao meu ver, não vai durar mais de 6 meses e a base de jogadores vai apenas jogá-lo para melhorar as armas para o Warzone — claramente o foco da franquia e da empresa.Ainda assim, o jogo tem gráficos de nova geração, pouquíssimos bugs e otimização de qualidade para o PC — plataforma em que testamos o jogo. Essa review foi feita com base em 19 horas de gameplay e deve refletir a experiência inicial do jogo.Call of Duty: Vanguard foi lançado no dia 5 de novembro para PS5, PS4, Xbox series, Xbox One e PC.
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