Apesar de parecer um pouco cedo, já existem capitais brasileiras que estão realizando a flexibilização do uso de máscaras desde outubro, mesmo com o Brasil e o mundo ainda passando pela pandemia de COVID-19. Pensando em falar mais sobre isso e responder perguntas sobre o uso de máscara, desenvolvemos esta matéria especial. Atente-se e pegue sua máscara (pelo menos em algumas cidades).
Como é realizado o estudo para a liberação?
Para que as pessoas tenham um dia a dia sem a máscara, a OMS recomenda que três fatores sejam levados em consideração: a taxa de vacinação, como está a transmissão comunitária do local e os indicadores de assistência (novas internações, solicitação de vagas em UTI e letalidade). A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo possui um sistema de indicadores que com base nestes dados, confirma quando (e se) vamos parar de usar máscara. Mas isso ainda não significa que a pandemia do COVID-19 acabou assim que o uso ao ar livre não for mais obrigatório. Um exemplo é o caso dos EUA, que precisou revogar a decisão de parar de usar máscara três meses depois devido à vacinação não seguir avançando no país. Assim como a variante Delta passou a ser mais presente. Os especialistas possuem uma mesma opinião sobre pararmos de usar máscara: a vacinação precisa seguir avançando e as pessoas ainda precisam ter os mesmos cuidados do período de começo de pandemia. Isso vale para o uso de álcool em gel e evitar aglomerações ao máximo. A OMS também alerta que na Europa, onde a imunização está tão baixa quanto nos EUA, podem acontecer 700 mil mortes até março do ano que vem. Os cuidados precisam ser mantidos mesmo quando a flexibilização do uso de máscara realmente acontecer. No dia 24 de novembro, o Governador João Dória anunciou que a população do estado de São Paulo poderia parar de usar máscara ao ar livre a partir de 11 de dezembro, quando se espera que a imunização completa de todos os habitantes esteja acima de 75%.
Flexibilização do uso de máscara em outros países
O grande receio dos epidemiologistas é que com a decisão de parar de usar máscara, a taxa de transmissão volte a subir devido à população relaxar os cuidados. Se para que a flexibilização aconteça, o recomendado é a taxa de transmissão esteja abaixo de 1 –que significa que cada 1 cidadão infectado transmitirá o vírus para outro 1 cidadão — o mesmo cenário deve se manter depois que a decisão for tomada. Mas não foi o que aconteceu em países que pararam de usar máscara. Assim que o Governo de Israel anunciou que sua população poderia parar de usar máscara, a economia até voltou a fluir, mas um grande problema voltou: as infecções e mortes decorrentes da COVID-19. Neste período de relaxamento das medidas contra o vírus, foram registrados 7.500 casos de COVID-19 em uma semana, assim como 600 pessoas precisaram ser hospitalizadas e 150 vieram a falecer. O país também precisou ser adepto da terceira dose da vacina da Pfizer/Biontech para pessoas com mais de 60 anos como uma forma de desacelerar o contágio. O mesmo também aconteceu com a Nova Zelândia, que foi um verdadeiro exemplo para nações de todo o mundo. Durante a obrigatoriedade do uso de máscara, o país da Oceania tinha uma média de 5 casos, mas isso passou para 41 assim que as pessoas foram autorizadas a parar de usar máscara. O número total de casos no local chegou a 148 em agosto. Você pode imaginar que isso é realmente pouco, mas para a Nova Zelândia, que tinha seus casos de COVID-19 controlados desde abril, a taxa é extremamente alta e gera preocupações. A maior lição que estes países passaram foi: a população e o Governo precisam agir para que mesmo quando a flexibilização do uso de máscaras aconteça, alguns cuidados ainda sejam mantidos para que as variantes não avancem. A vacinação é o ponto mais importante neste momento. A Holanda, apesar de permitir que as pessoas deixassem de usar máscara em ambientes abertos, precisou implementar um lockdown parcial para evitar mais contágios.
Importância da proteção com máscara
A ciência comprova que o uso de máscara realmente pode desacelerar o contágio da COVID-19, assim como as medidas de distanciamento social. Um estudo realizado no Reino Unido aponta que em locais que passaram a utilizar as máscaras houve uma redução de 53% na incidência dos casos. O hábito de lavar as mãos com uma maior frequência também confirma que os casos podem diminuir 53%. Falando sobre as medidas de distanciamento social, se sabe que no Reino Unido, estas ações fizeram com que os casos diminuíssem 25%. O estudo da The BMJ, uma conceituada publicação de medicina britânica, também ressalta que as pessoas que estão evitando aglomerações estão mais seguras. Ainda não se sabe em como o lockdown e demais períodos que tudo ficou fechado ajudou nisso, mas os dados preliminares comprovam que uma população que segue o que os órgãos de saúde indicam está mais segura. Como menos pessoas estão em circulação nas ruas e demais estabelecimentos que podem provocar aglomerações estavam fechados, estas ações podem ter ajudado para que a COVID-19 deixasse de fazer vítimas.
São Paulo e a decisão de parar de usar máscara
No dia 11 de dezembro de 2021, todos os moradores do Estado de São Paulo não serão mais obrigados a usar a máscara que previne possíveis infecções contra o COVID-19. A decisão foi tomada com base nos dados que indicam uma alta taxa de vacinação completa de todas as pessoas que moram no Estado, assim como a baixa ocupação dos leitos para pessoas em estado grave. Falando especialmente sobre quem tem mais de 18 anos, 93% deste público está com as duas doses em dia. Com isso, o Governo do Estado de São Paulo então se junta a outros três estados que já liberaram que sua população deixe a máscara em casa quando forem ao ar livre. Entretanto, apesar de ter sido divulgada, ainda não está certo de que os paulistas realmente irão parar de usar máscara. Os envolvidos nos programas de imunização estão trabalhando para que o máximo de pessoas estejam com a vacinação completa (duas doses) até o dia 11 de dezembro deste ano. Já se começou a realizar eventos com capacidade total desde o começo deste mês. A regra segue a mesma e se você estiver no estado de São Paulo e de pé em um evento, o uso da máscara ainda não foi descartado. O grande trabalho agora é garantir que a população siga as devidas recomendações e claro, tenha seu esquema de imunização completo. A terceira dose das vacinas começou a ser aplicada no estado de São Paulo em pessoas com mais de 18 (com intervalo de 5 meses desde a segunda dose) a partir de 17 de novembro.
Quais locais pararam de usar máscara no Brasil?
Com a vacinação avançando em boa parte do país, São Paulo entra na lista de 3 estados e o Distrito Federal estão na mesma lista de locais que estão realizando a flexibilização do uso de máscara. Lembrando que o mesmo vale para o que foi recomendado pelos órgãos de saúde: em locais fechados e com aglomerações, o acessório se faz mais do que obrigatório. Veja onde o uso da máscara foi dispensado:
Rio de Janeiro (capital);Porto Velho (RO);Florianópolis (SC);Distrito Federal.
O Rio de Janeiro foi a primeira capital em todo o Brasil que deixou de recomendar o uso de máscaras, quando estava sendo exigido que 65% da população estivesse com a imunização completa para a liberação ser feita. Os municípios cariocas possuem autonomia para declarar o fim da obrigatoriedade, e locais como Duque de Caxias já pararam de usar máscara. Especialistas criticaram a ação do governo e citaram que era muito cedo para o momento acontecer. O Distrito Federal decidiu que as pessoas que moram neste local não precisavam mais fazer o uso do acessório desde 3 de novembro. Rondônia permitiu que os moradores de Porto Velho passassem a fazer o uso facultativo de máscara desde o dia 04 de novembro e na época, 50% da população estava completamente imunizada. Fechando a lista, Santa Catarina passou permitir que os moradores de Florianópolis também deixassem de usar máscara agora no último dia 24 de novembro, onde foi levado em conta de que a vacinação completa dos moradores. Assim como em São Paulo e outras partes do Brasil, os florianopolitanos podem voltar a assistir jogos de futebol em os estádios com a capacidade máxima.
O que a OMS diz sobre decisão dos governos?
Como você percebeu, algumas capitais estão optando por parar de usar máscara devido ao avanço da vacinação. Em junho deste ano, Mariângela Simão, diretora-geral assistente da Organização Mundial da Saúde (OMS), chegou a elogiar a velocidade na qual nosso país está realizando a vacinação, mas ainda recomendava que o uso de máscaras fosse mantido. Como ainda estamos passando pela pandemia de COVID-19, o momento é de ter o máximo de imunizados possível para que as mortes sejam zeradas o quanto antes. Ela também considerava que tudo ainda estava bastante desigual, apesar das melhoras nos casos. O carnaval é uma das grandes preocupações da OMS e o órgão afirma que há chances de uma quarta onda se os eventos realmente acontecerem por aqui. As comemorações que acontecem em fevereiro foram canceladas em 43 cidades brasileiras, mas governadores de São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro e Belo Horizonte estão pensando em criar um comitê para que a folia não seja deixada de lado em 2022. Até hoje, o uso de máscaras segue sendo recomendado em boa parte do mundo e no site oficial da OMS existem diversas cartilhas que reforçam o uso de máscara em ambientes fechados. A vacinação também é um dos fatores que mais precisam avançar, de acordo com o órgão de saúde. No caso de dúvidas sobre como anda a vacinação em seu estado ou cidade, você pode acessar o Vacinômetro, que é atualizado diariamente com dados enviados pelo Governo do local onde mora. Lembrando que estar com as doses da vacina em dia não impede que você seja contaminado (a) pela COVID-19, mas as internações e mortes podem ser evitadas.
Veja também
Sabia que apesar de uma parte dos estadunidenses não acreditarem, as vacinas estão salvando vidas neste local? Confira: Fontes: G1 (1, 2, e 3 e 4), CNN Brasil (1 e 2), UOL, 6 Minutos e Governo do Estado de São Paulo