A Califórnia é amplamente conhecida por abrigar a cidade de Los Angeles e ser palco de grandes produções cinematográficas graças a Hollywood. Além disso, o estado é o maior produtor de frutas do país e tem a maior população dos Estados Unidos. No entanto, gera desconfiança ao ter também um lado obscuro, no qual possui a maior taxa de pobreza do país de acordo com indicadores e pesquisas norte-americanas.
A seca na Califórnia
Hoje, um dos principais problemas que os Estados Unidos enfrentam devido as drásticas mudanças climáticas é uma forte seca na Califórnia, responsável por reduzir os níveis dos leitos dos rios que abastecem o estado. No entanto, é engraçado notar que as regiões menos favorecidas da região, por assim dizer, são as mais afetadas, enquanto áreas mais nobres ainda não sofrem com a falta de água em suas residências. Além de um fator climático, a educação da população também é uma boa incógnita nessa equação. Segundo apurações do Conselho Estadual de Controle de Recursos Hídricos, metade da água destinada a uso residencial é utilizada para irrigação de jardins. Mesmo com uma certa “cultura de jardins verdes” da população, a Califórnia tem incentivado aos moradores que sejam mais conscientes em seu consumo, evitando deixar a torneira aberta, tomando banhos mais curtos, etc. Essa não é a primeira vez que a seca na Califórnia é um grande problema para os californianos. Na verdade, o estado começou a adotar políticas públicas de maneira massiva no início da década de 90, quando passava por mais um episódio de secas. Porém, ao longo do século XX houveram pelo menos mais dois grandes períodos sem chuvas, entre 1920 e 1930 e em meados da década de 70. As razões para as secas na Califórnia são fatores naturais. A região abrange o clima semiárido mediterrâneo, que para muitos pode lembrar um deserto. No entanto, desertos são localidades em que não há chuvas em momento algum, enquanto o clima semiárido passa a maior parte do ano sem chuvas, mas há registros de precipitação em determinados meses.
As luzes no fim do rio
Para resolver esse problema, uma equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia Santa Cruz realizou estudos contundentes que apontam uma possível saída para amenizar a seca: instalar painéis solares ao longo dos canais de água. A medida tem um intuito simples, uma vez que a quantidade de evaporação dos corpos hídricos é maior que a reposição de água, colocar painéis cobrindo os canais evita que a água evapore e ainda contribui na geração de energia sustentável. A pesquisa apontou que cobrir cerca de 6300 km de canais é suficiente para gerar a economia de 238 milhões de litros de água anualmente e fornecerá 13 gigawatts de energia para a Califórnia. Em outros números, a adoção dessa medida poderia beneficiar cerca de 2 milhões de pessoas ou irrigar aproximadamente 50 mil acres de terra, que abastassem o mercado interno com uma variedade de culturas de tomates, uvas, morangos e etc. Os painéis solares são uma das mais interessantes fontes de energia renovável e sustentável para combater as hidrelétricas, por exemplo. No entanto, seu único ponto negativo, por assim dizer, é o alto custo de investimento para a implantação dessas placas, que impede uma maior adesão.
Há muito pela frente…
Felicia se refere a chegada de mais eventos extremos em todo o mundo. Embora a seca na Califórnia seja um tipo de evento natural causado pelo clima, a interferência humana vem causando graves problemas ao meio ambiente e é o homem é o grande catalisador para mudanças climáticas que já estão acontecendo. O Sexto Relatório de Avaliação do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) corrobora informações que a comunidade científica vem alertando há décadas: o aquecimento global e as mudanças climáticas são uma realidade e nós somos os responsáveis. Com o previsível aumento da temperatura média do planeta, secas e queimadas como as que vem assolando o oeste estadunidense se tornarão mais comuns, assim como enchentes em grandes cidades e massivas ondas de frio em regiões nativamente quentes. Porém, o maior impacto reportado no relatório é o aumento do nível do mar. Com o planeta ficando mais quente, as calotas polares estão descongelando rapidamente, resultado em milhões de litros de água doce e muito gelada se unindo aos oceanos. Como resultados a curto e longo prazo, sofreremos com inundações em áreas costeiras continentais e a perda de uma biodiversidade única, como cercas áreas de corais. A seca na Califórnia pode ser minimizada com muitos esforços e a criação de políticas sustentáveis. Ao passo que Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, pretende reduzir as emissões de Gases do Efeito Estufa em 50% até 2030, o mundo dá passos curtos em maneiras de contar o aquecimento global, mas a verdade é que esse esforço não deve ser apenas de um país ou de um estado, mas sim a união de forças ao redor do globo para criar um cenário em que possamos viver de maneira mais harmônica e respeitosa com o meio ambiente. Fonte: Popular Science, The Conversation e The Water Desk.
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