Em 1971, o astronauta Stuart Roosa levou consigo cerca de 500 sementes de árvores a bordo da nave Apollo 14, que partiu em uma das últimas missões Apollo da Nasa para a Lua levando também os cosmonautas Alan Shepard (o primeiro americano a ir para o espaço) e Edgar Mitchell. Entre 31 de janeiro e 8 de fevereiro, a astronave deu 34 voltas ao redor da Lua. Ao voltarem, as sementes passaram a ser chamadas “sementes da Lua”, e as árvores originárias delas foram apelidadas de “árvores da Lua”.
Mas por que levar sementes para a Lua?
Tudo começou com Roosa. Durante a década de 1950, o astronauta era um smoke jumper, isto é, saltava de paraquedas em um incêndio florestal e fazia o possível para mitigar o fogo no local. Em 1966, Roosa foi selecionado como astronauta e sua primeira missão espacial seria como piloto do módulo de comando da Apollo 14, ou seja, ele seguiria sozinho em órbita ao redor da Lua, enquanto seus colegas Shepard e Mitchell viajariam até a superfície lunar. Durante os preparativos para a missão, o Serviço Florestal entrou em contato com Roosa para perguntar se ele poderia levar algumas sementes para a Lua. O astronauta concordou e então um geneticista selecionou cerca de 500 sementes de cinco espécies para irem a bordo da Apollo 14: abeto Douglas, pinheiro loblolly, pau-brasil, sicômoro e chiclete. O principal objetivo por trás desse pedido era entender o comportamento de sementes em um ambiente de gravidade zero. Uma viagem para a Lua poderia alterar a saúde, viabilidade e genética a longo prazo dessas sementes?
O que aconteceu com as sementes da Lua?
Em 9 de fevereiro de 1971, a tripulação da Apollo 14 voltou à Terra e a grande maioria das sementes foi devolvida ao Serviço Florestal (Roosa e Mitchell ficaram com algumas para si). No entanto, ninguém na época manteve registros a cerca de onde as sementes da Lua foram parar, apesar de ser um suposto experimento científico conduzido por respeitadas organizações governamentais dos EUA. Segundo Rosemary Roosa, filha de Stuart Roosa, o Serviço Florestal começou a distribuir as sementes da Lua, em forma de mudas, como presente, especialmente durante o bicentenário dos Estados Unidos, em 1976. Após a morte de Stuart Roosa em 1994, Rosemary criou a Moon Tree Foundation (Fundação Árvores da Lua) para manter seu legado vivo. Além disso, a Nasa, através dos esforços do cientista planetário Dave Williams, também vem tentando rastrear as árvores da Lua, tendo publicado uma lista de mais de 60 plantas de primeira geração que ainda estão vivas. Apesar de a maioria das sementes da Lua terem sido distribuídas nos EUA, outros países também receberam alguns exemplares, entre eles o Brasil. Uma delas é a sequoia-vermelha plantada na cidade de Cambará do Sul (RS), em 26 de setembro de 1992. Na época, o prefeito da cidade, Pedro Teixeira Constantino, comentou a respeito da viagem lunar da muda, e a história se tornou uma lenda urbana da cidade até que, em 2021, a NASA reconheceu a árvore como uma das sementes a bordo da Apollo 14. Assim, a sequoia-vermelha se juntou às demais mudas enviadas ao antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), atual sede do IBAMA, assim como ao tronco no Parque de Exposições de Santa Rosa (RS), como uma das sementes da Lua enviadas ao Brasil. Desde a Apollo 14, dezenas de experimentos semelhantes (e mais rigorosos), envolvendo o envio de sementes e plantas para o espaço, foram conduzidos. Atualmente, os astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS) comem salada cultivada a bordo. Além disso, a NASA recentemente anunciou que pesquisadores da Universidade da Flórida conseguiram, pela primeira vez, realizar a germinação e cultivo da Arabidopsis thaliana, planta da família da mostarda, em material coletado em solo lunar, chamado regolito. Veja também Apesar de irmos cada vez mais rumo ao infinito e além, precisamos seguir preservando nosso planeta. Confira 20 invenções incríveis que, se aplicadas em grande escala, podem salvar a Terra. Fonte: Mega Curioso, BBC