Atualmente, a situação desse aglomerado humano localizado na China ficou apenas na memória de poucas pessoas. Neste artigo, você vai conhecer o interior desse formigueiro de pessoas e como ele se tornou cada vez mais decadente.
No interior de Kowloon
Além de moradias, Kowloon é composta por diversas casas de ópio, prostíbulos e casas de jogos comandadas por gangues. É um local onde a polícia, inspetores de saúde e mesmo cobradores de impostos temem adentrar. Em cantônese (um dos idiomas mais falados na China), Kowloon significa “cidade das trevas”. Mas apesar do nome nada simpático, de ser considerada uma favela imunda, infestada de ratos e cheia de lixo, ela sempre foi defendida fortemente por seus habitantes, uma série de vendedores chineses, curandeiros e até dentistas auto-didatas. Essa sociedade única, e sua total negligência pelo resto da região de Hong Kong, nasceu das condições políticas igualmente únicas da região de Kowloon. Inicialmente, era um posto chinês avançado para o comércio de sal durante a dinastia Song (960-1279), que mais tarde foi transformado em um avançado posto militar, com um forte costeira adicionada em 1800.
A Guerra do Ópio
Quando a China perdeu para os britânicos na primeira Guerra do Ópio, Hong Kong foi cedida e entregue oficialmente em 1842. No entanto, o local de Kowloon foi uma exceção. Os britânicos permitiram que os chineses permanecessem no local, desde que não interferissem politicamente. A China passou a reivindicar totalmente a posse do sítio de Kowloon em 1947, mas a sua separação do continente acabou resultando em poucos esforços para fazer cumprir as leis. Enquanto isso, a Grã-Bretanha seguia a política de “não-intervenção”. Desde que a população não interferisse, eles também não interferiam. Livres de ambos os lados da lei, os invasores logo tomaram conta da cidade, e assim começou a lenda da cidade murada de Kowloon. Em 1950, a população havia crescido para 17.000. As pessoas mudaram-se para a Cidade Murada por falência, falta de escolha, para fugir ou explorar a falta de lei. A construção proliferou ao lado da população. Um vernáculo verdadeiramente moderno, livre de qualquer regulamento ou código de construção. Dentro da escuridão da Cidade Murada, a vida familiar, o crime, os negócios desregulamentados (tudo, desde covas de ópio e bordéis, até sacolas plásticas e rolinhos primavera) continuavam normalmente. Até que, em 1984, ambos os governos decidiram que a Cidade Murada se tornara suficientemente embaraçosa e que eles tinham que derrubá-la. Então, em 1992, os moradores foram despejados, receberam compensação monetária pelas suas casas, e o local foi convertido em parque público comemorativo. Surpreendente, não é? Você seria capaz de morar em Kowloon?