Chamada de Hope (Esperança na tradução para o português), a sonda foi lançada do Centro Espacial Tanegashima, no Japão, com o auxílio do foguete japonês H-IIA. Ela passará os próximos setes meses navegando pelo espaço profundo em direção à Marte e, em meados de fevereiro de 2021, tentará efetuar uma manobra para se colocar em uma órbita alongada ao redor de Marte, onde ela irá analisar a atmosfera e o clima do planeta ao longo de cada dia. O projeto do programa espacial dos Emirados Árabes Unidos foi concebido em 2014 como uma forma de inspirar a juventude do país e, ao mesmo tempo, comemorar o aniversário de cinquenta anos de fundação dos EAU, que ocorrerá em dezembro de 2021. Por isto, o sucesso do lançamento é motivo de muita comemoração, já que para a sonda estar na órbita de Marte no aniversário de 50 anos, o lançamento precisava acontecer com sucesso na janela entre julho e agosto, no período em que as órbitas da Terra e de Marte ao redor do sol estão mais próximas uma da outra. Esta aproximação ocorre apenas uma vez a cada 26 meses, então se o lançamento não fosse um sucesso seria impossível a sonda chegar ao planeta vermelho antes de dezembro de 2021. De acordo com Yousef Al Otaiba, embaixador dos EAU nos Estados Unidos, o sucesso do lançamento foi o resultado de anos de dedicação de toda a equipe, que permitiram que em apenas seis anos a ideia de enviar um foguete para o espaço se tornasse realidade.
Desafios da sonda dos Emirados Árabes Unidos
Ainda que o lançamento tenha ocorrido sem problemas, ainda falta muito para que a missão possa ser considerada um sucesso. O primeiro deles será chegar a Marte: daqui a cerca de um mês, os engenheiros do programa espacial do país precisarão fazer a primeira correção de curso do foguete, para garantir que a sonda chegue no planeta. De acordo com Pete Withnell, um dos responsáveis pela missão, enviar a sonda em direção a Marte é equivalente a um arqueiro tentar acertar um alvo de 2 mm de diâmetro a um quilômetro de distância, e por isso qualquer mínimo erro nos cálculos pode colocar a Hope em uma trajetória bem longe de onde ela deve chegar. Mas o maior desafio de todos deverá ocorrer em fevereiro, quando a sonda deverá chegar na órbita de Marte. Neste momento, a sonda deverá não apenas manter a trajetória de entrada calculada pela estação, mas também reduzir sua velocidade de 121 mil km/h para 18 mil km/h a fim de deixar a movimentação dela em sintonia com a rotação do planeta. E o pior de tudo: isto deve ser feito sem qualquer auxílio da equipe na Terra, já que neste ponto da viagem a sonda estará tão distante que qualquer comando enviado da base não chegará com a velocidade necessária para este tipo de manobra. Mesmo assim, o sucesso do lançamento é algo que deve ser muito comemorado pelo país, já que é raro este tipo de missão dar certo logo de primeira — principalmente para um país que nunca lançou ao espaço nada além de satélites de observação terrestre (como os usados para monitorar o clima ou tirar fotos cartográficas como as que vemos no Google Earth). Caso tudo ocorra de maneira correta, a missão dos Emirados Árabes Unidos deve ser a primeira de três missões que deverão aproveitar a aproximação das órbitas da Terra e de Marte para lançar missões ao planeta vermelho. A próxima missão acontecerá no dia 23 de julho, quando a China deverá enviar uma sonda orbital, uma do tipo lander (que pousa no planeta e efetua estudos na área ao redor de onde pousou) e uma rover (um “carrinho” que explora a superfície do planeta). E, logo depois, a NASA deverá enviar a rover Perseverance (Perseverança em português), que irá procurar por indícios de que já houve vida em Marte. Fonte: The Verge