Salvos – ou não – pelo gongo
Como já especulamos por aqui na resenha do terceiro episódio de Loki, Sylvie e o deus homônimo foram salvos pela própria Autoridade de Variância Temporal (AVT), quando um evento inesperado acusou sua presença no apocalipse de Lamentis-1. Ainda sem sabermos o que foi esse evento Nexus exatamente, pelo menos ficamos aliviados ao saber que nossos anti-heróis escaparam da morte por um triz, mesmo tendo caído nas mãos de seus carcereiros. Antes disso, no entanto, vemos o passado de Sylvie – uma cena triste que mostra uma mera criança sendo levada pela AVT, na verdade, pela própria Ravonna. Escancarando o aspecto fascista da instituição, que sofreu essa acusação pela própria Sylvie no episódio anterior, agora o antagonismo da “firma temporal” é indiscutível. Como, em qualquer multiverso, uma criança poderia ser protagonista de um evento Nexus? Ainda mais uma que sequer sabe qualquer coisa sobre multiversos e variâncias temporais? A única coisa que podemos concluir é que a mera existência de Sylvie é considerada indesejada – o que é extremamente problemático, e podemos ver muitos paralelos com o preconceito e perseguição de minorias em nosso próprio mundo. Essa percepção é acentuada quando Sylvie vê um homem latino também ser trazido à AVT com muita violência, lembrando a repressão aos imigrantes nas fronteiras dos Estados Unidos. Isso, aliado à percepção nova que temos sobre os agentes da AVT, que sabemos agora serem Variantes e não criações dos Guardiões do Tempo, cria um clima de tensão cada vez mais crescente – não apenas porque queremos ver Loki e Sylvie livres do cárcere e eventual “poda”, mas também ver Mobius e outros agentes saírem da lavagem cerebral à lá 1984 pela qual passaram. Se senti falta de Mobius e da dinâmica da agência temporal no episódio anterior, esse matou muito as saudades: apesar dos problemas do episódio começarem aí.
Ritmo acelerado
Após a prisão dos protagonistas da série, começamos a ver a agente Hunter B-15 e o próprio Mobius questionando sua origem e papel na AVT. De onde viemos? Para onde vamos? Porque eu nunca vi meu chefe? Bem, até o momento em que Loki é preso em um tortura temporal cíclica, tudo estava bem com o ritmo do episódio. Aliás, um pequeno parênteses aqui – o conflito entre Loki e Lady Sif é mais um aceno histórico-mitológico, já que o incidente é uma das trapaças mais conhecidas do deus nas histórias nórdicas, onde ele corta o cabelo da esposa de Thor e, em sua promessa de devolvê-lo, acaba trazendo muitos presentes aos deuses, incluindo a lança de Odin e o martelo de Thor. Mas, voltando ao ritmo – bem, após Loki se livrar do ciclo temporal e ter um diálogo revelador com Mobius, nada mais segura a trama. Se no episódio anterior houve reclamações pela trama andar pouco, desta vez ela anda até demais. Apesar de eu, particularmente, ter gostado do tom intimista e necessário para o desenvolvimento dos personagens, concordo que dividir um pouco dos acontecimentos entre este episódio e o passado beneficiaria o ritmo da história. É bom ver os acontecimentos caminharem em direção a algum desenvolvimento e conclusão, mas são plot twists demais para nós aguentarmos. Mobius, finalmente convencido de que foi enganado após roubar o temp pad de sua superior e amiga, Ravonna, e descobrir o destino da agente C-20, faz a única coisa possível – tenta confrontar a AVT, levando Loki consigo, e tem um destino trágico. A essa altura, sem saber o que acontece quando a “poda” ocorre, é de se concluir que ele morreu. Sem deixar tempo para respirar e levar esse baque emocional, já vemos Loki e Sylvie sendo levados aos Guardiões do Tempo, não sem antes Sylvie cooptar a agente Hunter B-15, na grande arma de Tchekhov do episódio.
O maior narciso de todos
Uma das revelações do episódio – em um dos mistérios mais curtos da série – é o motivo do evento Nexus de Terminus-1. Aparentemente, Loki apaixonou-se pela sua própria versão de outro universo – Sylvie – ou, no mínimo, nutriu afeto o suficiente por ela para desestabilizar as coisas na Linha do Tempo Sagrada. De qualquer forma, é uma ideia perturbadora o suficiente para desconcertar Mobius e nos deixar um pouco atônitos, já que, apesar de ver os Variantes passando um tempo juntos, não havia muita indicação de um afeto como esse. Não deixa de ser uma revelação interessante, no entanto, e ela é mais um dos elementos que aparecem para arrematar a trama do episódio. Finalmente vemos os Guardiões do Tempo – em uma forma bem caricata e e condizente com a estética das histórias em quadrinhos, sendo quase bobos demais ao serem levados a sério. Mas mal os vemos falar, já que Hunter B-15 aparece e salva o dia dos anti-heróis, que, ao tentarem matar as maiores autoridades do tempo, descobrem que são apenas… robôs. Sem conseguir sequer respirar, vemos Loki prestes a se abrir em um momento muito especial com Sylvie – e eis que ele é podado por Ravonna. Ela, inclusive, não parece abalada pela revelação em relação aos Guardiões do Tempo, e é nada menos do que justo que Sylvie queira interrogá-la a respeito. Também queremos respostas! A essa altura do episódio, já estamos em frangalhos. Socorro, até o Loki morreu? E agora? Quem é o protagonista? Tiraram ele do destino terrível nas literais mãos de Thanos pra isso? Calma. Finalmente temos cenas pós-créditos, que vem para acabar com a monotonia dos intermináveis minutos de créditos que as séries da Marvel infamemente possuem. E a cena em questão não foge da tendência do próprio episódio – temos pelo menos dois plot twists nela! Primeiro, vemos que Loki não morreu, apenas foi teleportado – o que significa que todos os que foram podados anteriormente podem estar vivos – e ele ainda encontra uma miríade de versões de si mesmo, que vêm ao resgate. É mais um dos acenos ao Multiverso no MCU, que deve vir com tudo de fato no próximo filme do Doutor Estranho. Aparentemente, os podados são enviados a uma dimensão extremamente hostil, talvez um evento Nexus mestre. No fundo da última cena, podemos ver uma torre dos Vingadores toda destruída, assim como as demais construções ao seu redor. As Variantes curiosas de Loki trazem Kid Loki, um… pequeno crocodilo Loki, uma enorme versão que parece ser Loki, Deus do Heroísmo e da Verdade – levantando um martelo que parece ser o Mjölnir – e um Richard E. Grant com as roupas clássicas do deus da trapaça, talvez um King Loki, versão mais maligna do personagem. É uma maneira e tanto de acabar o episódio! Assim, terminamos mais um episódio com inúmeras perguntas sobre o futuro. Quem está por trás de tudo? Teorias falam sobre Kang, o Conquistador, que nos quadrinhos domina o futuro temporal, mas a essa altura, nunca se sabe – já que Sylvie quebrou expectativas sendo realmente uma Lady Loki. Ainda há muito a responder – além de ver as interações entre os vários Variantes de Loki, ainda devemos ver um Presidente Loki, como está no trailer. Se será o Variante protagonista ou outro, só os deuses sabem. Gostou do episódio 4 de Loki e da resenha? Conte pra gente nos comentários e continue ligado no Showmetech para mais cultura pop e tecnologia!