Com a compra, os clientes da Oi que usam os serviços de celular passarão a ter uma nova operadora de telefonia móvel. Atualmente, a Oi tem 42 milhões de clientes, dos quais 3,2 milhões são contas corporativas e 38,8 milhões são pessoas físicas. Se você é cliente da Oi Móvel e ainda não sabe qual será a sua nova casa, confira a seguir como ficou a divisão em todo o território nacional — e também por que a companhia foi vendida.
A origem da Oi
A história da Oi começa em 1998, a partir da privatização da Telebras. Na época, a cisão da antiga operadora deu origem à holding chamada Tele Norte Leste Participações, que mais futuramente passaria a se chamar Telemar. Com um investimento de mais de R$ 3 bilhões feito através de um consórcio, a Telemar abrigava, ao todo, 16 empresas. Para financiar tudo isso, a recém-fundada companhia contava também com os investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, o BNDES. Com o passar do tempo, o consórcio passou a adquirir outras empresas do setor de telecomunicações, com o intuito de amplificar a sua participação no mercado. Com a chegada e popularização da telefonia móvel no início dos anos 2000, a empresa passou a investir nessa área a partir de 2002, quando então surge a marca Oi. Cinco anos depois, em 2007, a marca Telemar foi extinta e todos os negócios da companhia passaram a funcionar por trás da marca Oi. Ao longo do tempo, a Oi recebeu uma série de investimentos, inclusive uma boa quantidade sendo proveniente do Estado. Nesse sentido, o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica realizaram aportes nas ações do grupo em 2008. Com uma enorme vontade de continuar crescendo no mercado brasileiro, o consórcio seguiu comprando diversas outras empresas. O problema era que alguma dessas empresas não apresentavam bons resultados e estavam afundadas em dívidas. Um dos exemplos foi a compra da Pegasus, provedora de serviços de dados que foi arrematada por R$ 335 milhões pela Oi. No entanto, uma dívida de R$ 339 milhões também foi assumida após o negócio ser efetivado. Um dos maiores negócios da história da Oi aconteceu em 2013, quando foi anunciada a sua fusão com a Portugal Telecom. O objetivo era criar uma empresa multinacional de telecomunicações. No entanto, as coisas não saíram como o planejado e os efeitos dessa negociação foram desastrosos para a saúde financeira da Oi. O lucro esperado pela negociação nunca chegou aos caixas da empresa e, a partir de então, a companhia brasileira passou a viver momentos cada vez mais difíceis.
A maior recuperação judicial da história do país
Muitas das aquisições realizadas pela Oi acabaram se tornando um fracasso para a companhia. Entre os investimentos realizados pela empresa havia empresas com elevadas dívidas e resultados pífios, o que acabou resultando em um endividamento que aumentava ano após ano. Tais decisões equivocadas acabaram por comprometer a saúde financeira da instituição. Por fim, a companhia acabou contraindo dívidas também junto a Anatel, devido a multas por reclamações de clientes e má prestação de serviços. Em setembro de 2016, com uma dívida de R$ 65 bilhões, a Oi teve aprovado o seu plano de recuperação judicial, o maior já visto no Brasil até hoje. Na assembleia, ficou definido que a companhia seria dividida em quatro partes: torres, ativos móveis, data center e fibra ótica. O objetivo da recuperação judicial era possibilitar que a empresa continuasse a prestar serviços enquanto renegociava as suas dívidas. Dessa forma, o negócio se manteria ativo e os clientes não sofreriam prejuízos.
Venda da Oi Móvel
No final de 2020, a Oi vendeu a sua operação de telefonia móvel, medida que estava contemplada no plano de recuperação judicial. A compra foi concretizada por um consórcio que reunia a Claro, Tim e Telefônica (Vivo). O valor da negociação foi de R$ 16,5 bilhões. O último capítulo dessa novela aconteceu no dia de ontem (9), quando o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a compra por parte das três companhias. O ato de concentração da Oi Móvel teve três votos contrários e três favoráveis. Com isso, prevaleceu o voto do presidente do Cade, Alexandre Cordeiro, que desempatou e aprovou o negócio. A divisão dos 42 milhões de clientes será maior para a TIM, a qual receberá 14,5 milhões – e totalizará 56,5 milhões no país. Já a Claro ficará com 11,7 milhões, o que somará 82,2 milhões de usuários. Por último, a Vivo (Telefônica) terá mais 10,5 milhões, para atingir a marca de 94,4 milhões de assinantes.
Divisão de clientes
A divisão de clientes entre as operadoras ocorrerá conforme o código DDD das linhas telefônicas, e a TIM assumirá a maior parte dos códigos, com 29 no total. Entre os principais estão os clientes das cidades de São Paulo (11) e do Rio de Janeiro (21). Confira a lista completa:
TIM (29 DDDs): 11, 16, 19, 21, 22, 24, 32, 51, 53, 54, 55, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 73, 75, 89, 93, 94, 95, 96, 98 e 99;Claro (27 DDDs): 13, 14, 15, 17, 18, 27, 28, 31, 33, 34, 35, 37, 38, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 71, 74, 77, 79, 87, 91 e 92;Vivo (11 DDDs): 12, 41, 42, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 88 e 98.
Expectativas para o futuro
Com a conclusão da venda do seu setor móvel, a expectativa é a de que a Oi comece a ganhar algum fôlego para reestruturar a sua dívida. De acordo com o analista da Nord Research, Fabiano Vaz, a venda será capaz de aumentar as possibilidades da companhia. “Não que essa venda vá resolver todos os problemas da Oi, pois ela continuará muito alavancada. Mas terá uma estrutura de capital mais saudável para dar mais foco à expansão da fibra”, avalia o analista. O especialista observa ainda o baixo valor de mercado da companhia hoje, principalmente comparado a outros ativos. “Não faz sentido a Oi valer hoje menos de R$ 5 bilhões e sua ex-subsidiária, a InfraCo (vendida em 2021), valer R$ 8 bilhões”, pontua.
Veja também:
No ano passado, o Brasil ganhou uma nova operadora de telefonia móvel. A Winity II Telecom arrematou o 5G e deve estrear em breve no território nacional. Fontes: G1, InfoMoney.