Resumindo em pouquíssimas palavras, o Android é um sistema operacional voltado principalmente para dispositivos como smartphones, tablets, relógios inteligentes, interface para TV (Android TV), para carros (Android Auto) e para outros dispositivos inteligentes (como o Google Home). Ele é baseado no kernel Linux. Apesar de a guerra com a sua principal concorrente (a Apple, com o iOS) ser acirrada, o Android parece estar sempre pronto para a batalha. Ao longo de pouco mais de uma década, esse sistema operacional cresceu, foi aprimorado e, literalmente, conquistou o mundo.
Linha do tempo: 11 anos do Android
O começo
O Android tem 11 anos, mas sua história começou bem antes, em 2003. Andy Rubin, seu criador, começou desenvolvendo o sistema operacional para câmeras digitais. Porém, ele percebeu que o mercado para câmeras não era assim tão grande e focou o sistema para os smartphones. Um tiro de sorte. A gigante da tecnologia Google adquiriu o Android dois anos mais tarde, em 2005. Foi um dos indícios de que a empresa entraria no mercado da telefonia. Naquela época, o Google não começou a produzir hardware (e não o fez durante muitos anos), mas começou a oferecer o Android para outros fabricantes. Um exemplo é a HTC, que desenvolveu o primeiro telefone Android em 2008, o HTC Dream. É a partir dele que contamos a “idade” neste texto. Nessa época, o BlackBerry estava no topo da lista, a Apple seguia firme com seus planos e a Microsoft planejava substituir o Windows Mobile pelo Windows Phone. Mesmo com o mercado já cheio, o Android aceitou o desafio e, hoje, é o sistema operacional mais usado no mundo. Os números comprovam: em 2017, havia cerca de 2 bilhões de dispositivos com Android ativos no mundo. Atualmente, estima-se que sejam 2,5 bilhões (considerando smartphones e qualquer dispositivo com o Google Assistant, como o Google Home, por exemplo).
As versões do Android
Como quase todo sistema tecnológico, o Android precisou evoluir muito para chegar no estado atual. A caminhada foi longa e foi necessária muita lapidação. Afinal, para lançar alguns recursos de software também é preciso ter hardware suficiente, de modo que a evolução foi em conjunto com a tecnologia de modo geral. Embarque nessa jornada e confira todas as versões e suas características logo abaixo.
Android 1.0 (2008)
É até difícil olhar para esta versão e não dar aquela torcida no nariz pensando “nossa, que coisa ultrapassada”. Afinal, nem sempre lembramos que o celular um dia já teve teclado físico (e que ele era uma verdadeira tortura para muitos). Pois é, muita coisa aconteceu nesses últimos anos, mas nada disso seria possível sem a versão 1.0. Apesar de estar ultrapassado, ainda podemos ver traços desse “Android raiz” nas versões mais recentes. Um exemplo são as notificações com janela suspensa. Concentrar as notificações ali parece algo meio óbvio atualmente, mas foi uma ideia genial, tanto que ela permanece até hoje. Outra grande tacada certeira foi a Google Play Store (na época chamada de Market). Não era assim tão parecida com a Play Store, mas era o começo. Obviamente, centralizar os aplicativos em um único local torna nossa vida muito mais fácil. Ninguém quer ter o trabalho de procurar aplicativos para baixar/instalar em vários sites (e ainda correr o risco de baixar algo errado ou até mesmo com vírus). Os widgets na tela inicial também estavam presentes na versão 1.0 (e eram um grande diferencial do concorrente iOS). Entretanto, os desenvolvedores ainda não podiam criar os seus próprios widgets. Por último e não menos importante, a primeira versão do Android já vinha com integração com o Gmail, que já tinha certa fama na época.
Android 1.1 (2009)
Poucos meses depois do lançamento da versão 1.0, veio a primeira atualização, em fevereiro de 2009. Não era nenhuma mudança radical, apenas algumas correções de bugs, mas foi a prova de que o sistema de atualização funcionava e era fácil de ser usado pelos usuários.
Android 1.5 – Cupcake (2009)
Uma das coisas interessantes, mas talvez não tão importante, é a escolha de nomes para as versões do Android. Os “anti-açúcar” podem até fazer cara feia, mas é o paraíso das gostosuras. Ele segue uma sequência alfabética também (haja criatividade!). A grande novidade desta versão não foi só o nome, ela também veio com uma atualização que permitiu que os smartphones tivessem o design atual: o teclado na tela. Antes, eles precisavam de um teclado físico (o que fazia sentido, já que as telas touchscreen estavam no princípio). Para ir um pouco além, houve integração para que os desenvolvedores incorporassem seus próprios teclados virtuais. Como complemento ao design, houve alterações sutis, como nos ícones de alguns aplicativos, sombreamento, etc., e um aprimoramento das funções de transferência (copiar e colar). Um outro ponto importante foi o suporte para captura de vídeo (antes só era possível capturar foto). Além disso, a versão Cupcake também permitiu que outros desenvolvedores incorporassem e implementassem widgets.
Android 1.6 – Donut (2009)
Ainda em 2009, a empresa lançou outra atualização do sistema operacional. A Donut, apesar de não ser tão revolucionária quanto a Cupcake, foi responsável por uma grande popularização do sistema operacional. Esta versão adicionou suporte para as redes CDMA (Code Division Multiple Access, ou Acesso Múltiplo por Divisão de Código). Essas redes consistem em um método de acesso a canais de sistemas de comunicação. O CDMA e o GSM (Global System Mobile) são os principais sistemas de rádio usados em celulares. O Donut adicionou suporte para Verizon, Sprint e outras redes que usam CDMA. Outra novidade foi o fato de que ele podia ser usado em diferentes resoluções de tela, de modo que os fabricantes podiam fazer alterações nas dimensões do smartphone (algo diferente de 320 x 480). Alguns elementos novos tinham o objetivo de torná-lo mais fácil de usar, como a caixa de pesquisa, que era usada tanto para buscar no aparelho (como aplicativos) quanto na internet.
Android 2.0 – Eclair (2009)
Nota: Eclair (ou éclair) consiste em uma maravilha culinária chamada “bomba” ou “Carolina”. O Eclair surgiu cerca de um ano após o lançamento do Android e chegou com muitas novidades. Uma delas é o essencial e indispensável Google Maps, o qual muita gente não vive sem. O fato de ser gratuito e cheio de recursos (visão 3D, orientação por voz, informações de trânsito, etc.) desbancava uma gama de GPSs pagos. Outra inovação foi o fato de ser sua estreia em uma tela inédita de 854×480 (no Motorola Droid). Ainda, foi a primeira versão com suporte para mais de uma conta Google. Com a Eclair, o Android batalhou de igual para igual com o iPhone. O navegador de internet atualizado tinha suporte HTML5 e permitia a reprodução de vídeos. A tela de bloqueio com deslizamento, a forma rápida de busca de contatos e melhorias no teclado virtual (com multitouch) também chegaram nesta atualização.
Android 2.2 – Froyo (2010)
Nota: Froyo é um iogurte gelado (que parece um sorvete). O Froyo trouxe junto um dos celulares mais vantajosos para quem tinha Android: o Nexus. O Nexus One foi o primeiro a receber a atualização. Esta versão do sistema operacional apresentou melhorias como opção de bloqueio com o PIN/senha e um design novo: a tela inicial apareceu renovada, com atalhos na parte inferior do telefone e inicializador de aplicativos. Uma curiosidade é que foi com o Froyo que o Google pareceu competir com a BlackBerry, que dominava ambientes empresariais. Era mais um passo da gigante para dominar praticamente todas as áreas.
Android 2.3 – Gingerbread (2010)
Nota: Gingerbread é o biscoito de gengibre (igual aquele do Shrek). O Gingerbread não foi uma versão revolucionária, mas ela trouxe algumas novidades. Esta versão 2.3 foi lançada no Nexus S, produzido pela Samsung (derivado da famosa linha S). Uma dessas novidades foi o suporte para câmera frontal (fãs de selfie agradecem). Vale ressaltar que o Gingerbread foi a versão em que o Google tentou conquistar um espaço no mercado de jogos para celular (fazendo o iOS comer poeira neste quesito). Outros fatores foram a reformulação de alguns widgets e da tela inicial e uma visualização do consumo da bateria. É possível reparar que, apesar das grandes alterações não estarem presentes em todas as versões, sempre há mudanças no design e tentativas de otimização de elementos como o teclado e a praticidade do usuário.
Android 3.0 – Honeycomb (2011)
Nota: difícil escolher um nome de doce com H, não é mesmo? Porém, mais difícil ainda é explicar o que é um Honeycomb, que é algo como um caramelo aerado crocante feito de mel. Dá um Google e você verá que, apesar do nome complicado, ele parece delicioso. Diferente dos demais, o Honeycomb foi desenvolvido para tablets (e pode ter sido um passo não muito seguro do Google). O primeiro tablet com este sistema operacional foi produzido pela Motorola (mais tarde ele se tornou o Xoom). Nesta versão, a clássica cor verde dava lugar ao azul e os aplicativos ganharam um novo layout com uma barra superior. Ainda, a função multitarefa foi aprimorada. O Honeycomb deu um indício do que seria a próxima atualização do sistema operacional nos smartphones e ainda trouxe os botões virtuais, removendo a necessidade do botão “home” físico. Isso permite maior aproveitamento da tela (visto que eles podem ser ocultados quando você está lendo ou vendo um filme, por exemplo).
Android 4.0 – Ice Cream Sandwich (2011)
Nota: não dava para ser só sorvete, tinha que ser “sanduíche de sorvete”. É de dar água na boca. Esta versão foi lançada em um Galaxy Nexus (Samsung, mais uma vez). Como era de se esperar, o Ice Cream Sandwich trouxe muitas novidades do Honeycomb para o smartphone. Além do azul e dos botões virtuais, também estavam presentes recursos como reconhecimento facial para desbloqueio de tela, design refinado e novidades nos aplicativos. A genial barra de notificações sofreu uma grande melhora e os alertas puderam ser removidos com o simples ato de deslizamento para as laterais, algo que permanece até as últimas versões lançadas do Android. Isso facilita e muito a vida do usuário, que antes precisava clicar na notificação para que ela desaparecesse, ou então limpar todas. Até a fonte mudou e foi da Droid para a Roboto, que foi projetada especialmente para ter maior aproveitamento em telas com resolução maior. Para a alegria dos que prezam pelo bom português, o corretor ortográfico apareceu com uma função que sublinha palavras erradas. Do mesmo modo que o Gingerbread permitiu visualizar o uso de bateria, o Ice Cream Sandwich veio com uma função para visualizar e controlar o uso de dados. Ainda, houve integração de calendários, uma função essencial para quem usa mais de uma conta.
Android 4.1, 4.2 e 4.3 – Jelly Bean (2012)
Nota: Jujubas! A grande revolução do Android 4.1 Jelly Bean foi o Google Now, precursor do Google Assistant. Esse recurso consiste em um acesso rápido a diferentes informações e funções do smartphone e tenta tornar a experiência do usuário melhor. No quesito design, ele parecia bastante com a versão anterior, mas com novas fontes (a Roboto foi reformulada), atualizações e widgets. A sensibilidade da tela também foi aprimorada e as notificações ficaram melhores (e expansíveis, eliminando a necessidade de abrir o aplicativo em muitos casos). A versão 4.2 manteve o nome (Jelly Bean) e foi basicamente uma atualização de refinamento. Com ela, vieram recursos como o acesso a widgets e câmera na tela de bloqueio, transmissão de áudio e vídeo sem fio do aparelho para uma televisão/monitor e algumas outras modificações mais simples. Na terceira versão “jujuba” vieram melhorias como suporte para gerenciamento de memória aprimorado, serviços de localização e Wi-Fi melhorados e mais. Uma novidade que merece destaque foi o fato de que muitos aplicativos principais (como Calendário, Chrome e Gmail) passaram a ter atualizações regulares sem precisar esperar a atualização do sistema operacional.
Android 4.4 – KitKat (2013)
Nota: não precisa de nota, né? O Kit Kat chegou em sincronia com o Nexus 5. O nome, desta vez, veio em uma parceria com a Nestlé. A versão 4.4 não foi uma atualização tão grande, mas trouxe algumas mudanças que vale ressaltar. Uma delas foi o tom azul, iniciado no Honeycomb, mudando para o branco. O Google Now também chegou integrado de forma direta na tela inicial (com o deslizamento para cima) e os aplicativos podiam ser executados em tela cheia. Para os fãs dos emojis, foi nesta versão que eles foram incorporados ao teclado. Em alguns dispositivos, como o Nexus 5, houve suporte ao HDR+, permitindo imagens mais nítidas e com menos ruído. No quesito do sistema operacional em si, o objetivo também foi deixá-lo mais eficiente. Isso permitia que ele fosse executado em hardware inferior e mais antigo, incentivando a atualização por parte dos fabricantes.
Android 5.0 – Lollipop (2014)
Nota: Lollipop é pirulito. Não falta criatividade nem açúcar. A versão Lollipop trouxe o conceito de “Material Design”, que renovou a aparência de aplicativos como Gmail, Google Maps, YouTube, Calendar e outros. A função multitarefa também sofreu modificações e passou a permitir o acesso direto à parte do aplicativo em que você está interessado. Outra novidade foi o fato de que as notificações puderam ser eliminadas já na tela de bloqueio, com um controle sobre quais aplicativos podem ser acessados sem a necessidade de desbloqueio do aparelho. Os cartões de notificação “flutuantes” também chegaram nesta versão. O Lollipop trouxe recursos de otimização da bateria, permitindo um controle maior sobre o gasto por parte dos aplicativos. Ainda, esta versão chegou com os “gadgets vestíveis”, como o relógio inteligente Android Wear, e com o Google Fit, a Android TV e o Android Auto.
Android 6.0 – Marshmallow (2015)
O Marshmallow foi lançado em outubro de 2015, ao lado do Nexus 5X e do Nexus 6P. Apesar de não ser uma versão revolucionária, ela foi um “amadurecimento” do sistema operacional. De modo geral, o Android ficou muito mais parecido com o iOS. No quesito permissão, os aplicativos começaram a demandá-las de forma separada (e não como um pacote no qual você podia vender até a sua alma sem saber, já que quase ninguém lia antes de concordar). O gerenciamento dos aplicativos também ficou mais inteligente.
Android 7.0 – Nougat (2016)
Nota: também conhecido como torrone. A versão Nougat trouxe significativas modificações. A primeira delas foi a possibilidade de dividir a tela em mais de uma tarefa. Uma outra foi o fato de poder responder as notificações sem precisar entrar no aplicativo, apenas pela própria barra de notificações. Ainda no menu suspenso, foi possível personalizar os ícones de configurações de acordo com o gosto do usuário. Os cinco primeiros não requerem que você desça o menu suspenso completamente. O Nougat também contou com suporte à API Vulkan para permitir gráficos 3D de alta qualidade (uma vantagem para quem gosta de jogos). Por último, as atualizações podem ser baixadas em segundo plano e a nova versão pode ser acessada após o usuário reiniciar o dispositivo.
Android 8.0 – Oreo (2017)
Nota: O biscoito mesmo. Oreo é a segunda parceria do Google com uma empresa alimentícia. A primeira grande novidade nesta versão é o Google Assistant, que substitui o Google Now. As notificações também ficaram melhores: mais compactas e mais fáceis de gerenciar da tela de bloqueio. Ainda, os fãs de emojis vão lembrar que foi nesta versão que o estilo “blob” (? ? ?_? ? ?) ficou para trás (#RIP), dando lugar a emojis mais realistas. Algumas outras modificações vieram com o Oreo. Alguns exemplos são o recurso de adiar alguns alertas e alterações na interface do usuário que permitem segurar um aplicativo para ver as notificações.
Android 9.0 – Pie (2018)
Nota: Torta. Assim que foi lançado, o Android Pie ficou disponível para usuários do smartphone Pixel (do próprio Google). Em seguida, ele foi disponibilizado para smartphones que não são da empresa. Essa versão Pie está recheada (~trocadilho~) de muita Inteligência Artificial, que é voltada principalmente para a melhoria da experiência do usuário. Tudo ficou mais simples com um toque (ou com um “Ok, Google”). Até o botão de voltar está desaparecendo nesta versão, já que não fica presente o tempo todo.
Android 10 (2019)
O Android 10 acabou de ser lançado (anunciado oficialmente no último dia 3) e os primeiros aparelhos a receber a atualização serão, obviamente, os da linha Pixel. Se teve algo especulado sobre esta versão, essa coisa foi a gostosura que daria nome à nova versão do sistema operacional. Apesar de nós, brasileiros, termos nomes de sobra para ele (quindim, quebra-queixo, queijadinha, etc.), – pasmem – o Google encerrou a tradição dos nomes de doces. O suspense foi todo em vão e isso já é um indício de mudanças. Enquanto o Android 9 mantinha o botão voltar, o Android 10 preza pela substituição pelo “uso de gestos”. Com a relação às notificações, elas também podem ser evitadas com o “Focus mode” (perfeito para quando você estiver estudando, não é mesmo?). O modo escuro também pode ser habilitado para todo o sistema e agora a função Live Caption (de exibição automática de legendas) é nativa do sistema. Outros recursos que surpreendem são a realidade aumentada na pesquisa e a privacidade (que ficou mais eficiente e mais simples).
O que esperar?
Ufa! Esta foi uma versão resumida da história de um dos sistemas operacionais mais amados no mundo. O que podemos perceber é que o Google está sempre acompanhando a tecnologia e, à medida que há hardware suficiente, alguma novidade é lançada. Isso vem desde o fim do teclado físico até a incorporação de Inteligência Artificial, Realidade Aumentada e outras ferramentas. No fundo, os smartphones e apetrechos semelhantes estão tão essenciais em nossas vidas que praticamente já fazem parte de nós. Assim, como entusiastas da tecnologia, celebramos o décimo primeiro aniversário do Android na expectativa do que virá nos próximos anos e na forma como isso impactará nossa vida. Nota: se você chegou até aqui sem vontade de comer doce, parabéns, você é um vencedor. Fontes: Digital Trends; Mindster; The Verge; Android Police.